sexta-feira, 22 de março de 2013

São Francisco bipolar

               Outro dia, uma psicóloga, ou coisa que o valha, publicou um estudo ao qual ela tratava de transtorno de bipolaridade, nesta pesquisa ela fez uma interminável lista de personalidades que teriam o dito transtorno. Na lista estavam, a famosa e incrível escritora Virginia Woolf, o grande Friedrich Nietzsche e, para o meu espanto, São Francisco de Assis. A pesquisadora não se aprofundava nas razões às quais levaram o santo a ter este problema, então me deprimi e enlouqueci.
                Sempre pensei que o nosso amado e velho Chico tem íntima relação com o santo que lhe empresta o nome. Será que existe transtorno de bipolaridade para o nosso amado rio? Pensei, será que algum de seus muitos afluentes lhe exercem uma negativa influência? Será que a poluição tem feito dele um rio melancólico? Será que as transposições tem lhe feito mal? Será que ser tão grande e tão imensamente caudaloso e ver tanta miséria às suas margens? Será que cidades inteiras de costas para ele tem lhe feito sentir-se só? Penso que tudo isto tem-lhe afetado as emoções. Se isto for verdade quem lhe poderá curar a sanidade?
                Talvez o Amazonas ou Nilo, mas por serem grandes demais podem fazer o nosso Chico se sentir menor do que é, transformando biporalidade em complexo de inferioridade. Quem sabe o Rio Doce, esse está mais próximo e sofre de algumas das mazelas de nosso rio, mas doçura em excesso pode deixa-lo meigo demais e ele precisa de sua força para continuar sendo quem é.
Pensei no Ganges, mas a cultura hindu é tão diferente... Adoro quando culturas se mesclam, mas um doente precisa de mais do que isto. Precisa se encontrar se encontrar, se descobrir, sair de si e não deixar de ser o que é.
Talvez a solução esteja mais próxima do que parece. São Francisco poderia se consultar com o Rio das Velhas. Sim, com elas!
Elas já passaram por cada uma, já enfrentaram tanta coisa que seria maravilhoso se nosso rio tomasse alguns conselhos com estas distintas senhoras.
Elas vão abraçar nosso santo e, enquanto uma velha frita bolinhos de chuva,outra faria um café bem gostoso, outra o deitaria sob o colo, lhe apertaria os cravos no rosto e faria cafuné, enquanto isto, outra velha lhe teceria, carinhosamente, uma túnica nova, outra limparia o seu cajado e a mais velha de todas seria responsável, por puxar uma prosa despretensiosa e iria, aos poucos, fazendo o Santo desabafar.
Ele falaria sobre as suas dores, dilemas, falaria sobre os dias em que se sentiu só, que lhe faltou fé, dos dias que faltou coragem, temperança e, principalmente, de suas decepções. As Velhas mesclariam uma confissão, com uma sessão de terapia, com um dia na casa da vovó.    O Velho Chico se sentiria mais jovem, vestiria com orgulho a túnica nova, sentir-se-ia mais leve, se fartaria de bolinhos de chuva, sentiria menos o caminhar e exibiria orgulhos o novo cajado, sentir-se-ia mais belo, estaria com o rosto limpo.
Não é em vão que elas deságuam, a todo momento em nosso Santo Rio, elas tem o poder de curar qualquer transtorno sem Lítio e nem Prozac.

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