sábado, 19 de março de 2016

Tentativas de golpe em Kafka City

   O MKL quer de fato tomar o poder em Kafka City.
   Ontem, fontes próximas ao governo afirmaram que tudo transcorreu em ordem e sem problemas ligados à violência, o que deixa o governo preocupado.
    Após horas de tortura parnasiana os líderes do MKL esqueceram o que queriam e resolveram montar uma banda de rock.
     A banda trabalhará gêneros de música alternativa e promete ser um grande sucesso nos festivais kafquianos de rock feito por gente estranha.
     Os outros movimentos não se pronunciaram, pois estão certos que não suportariam uma sessão de leitura da obra de Olavo Bilac, somados à apresentação de uma monografia sobre os princípios metafísicos da poética parnasiana e sua influência na bossa nova.
     Os líderes dos movimentos ficaram com medo de sentirem uma vontade inquestionável de se matar e desistiram de tomar o poder.
      Pior, eles poderiam montar uma banda de rock independente para tocar em festivais fracassados.
      O governo de Kafka City nunca foi tão forte.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Manifestações em Kafka City

   Kafka City, na vanguarda das grandes cidades, resolveu se manifestar e reclamar de seus maiores problemas, porém as manifestações não tem sido eficazes por um simples motivo, falta uma razão para protestar.
   Kafka City é uma cidade fora do normal onde ninguém se importa com o governo federal, são diferentes dos paulistanos que lotam sua avenida principal por vinte centavos ou coisas do gênero. Em nossa cidade protestamos contra as inconsistências do utilitarismo e do quanto é chato ter um imperativo categórico.
    O MKL (movimento Kafka City livre) lançou um manifesto contra toda poesia e feita utilizando o pentâmetro iâmbico e contra o uso da poesia de Carlos Drummond de Andrade nas escolas, quando se falam dos grandes poetas.
     O Movimento Vem Pra Rua Se Der Vontade, afirmou que não teve vontade e que não se importa com quem preside o país.
     O Coletivo Desconsiderando o Eixo, chamou alguém de facista, mas nossa reportagem ainda não o identificou.
     Enfim, tudo corre em paz, embora todos sintam um enorme vazio na alma.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Moçadinha que muda o mundo

      Creio cada vez menos na "moçadinha que muda o mundo", sério, existem altas bandeiras de fato importantes a se levantar, causas pelas quais lutar, coisas importantes mesmo, mas a "moçadinha que muda o mundo" não pensa efetivamente em nenhuma delas, costuma ser meio alienada de tudo e possui um cômodo lugar comum perante suas próprias causas.
       Recentemente, um conhecido meu iniciou um projeto ligado a alimentação, a ideia é boa, principalmente se estiver nas mãos de pessoas que de fato entendem do assunto, o que não é o caso dele, logo, a boa ideia e intenção que o sujeito teve corre seríssimos riscos de naufragar por falta de expertise sobre o assunto que ele abraçou, sendo mais um objeto para seu marketing pessoal como "carinha que muda o mundo" do que alguém que resolveu um problema.
        Tenho comigo que os caras que realmente fazem algo de bom pelo mundo não ficam muito conhecidos por isso. Penso que Churchill fez mais pela paz mundial que Gandhi e que o capitalismo tem feito mais pela saúde dos indianos do que Madre Tereza de Calcutá.
        Dirão os idiotas da objetividade (leio Nelson Rodrigues e daí?) que meu texto é de um autor claramente conservador e anti revolucionário.
       Respondo dizendo o óbvio, a "moçadinha que muda o mundo" não muda de fato. Quem muda são as pessoas que efetivamente trabalham em suas causas, sem marketing do bem, mas com competência naquilo que se propõem a fazer e sem fazer muito barulho. Afinal 90% das feministas de facebook nem sabem quem foi Maria da Penha.
       Voltando ao conhecido citado acima, ele traz mais uma faceta da "moçadinha que muda o mundo" que é o problema da moral das pequenas coisas.
      Chamo de moral das pequenas coisas o conjunto de imperativos que as pessoas honestas de fato se preocupam, como ser gentil, pontual com o pagamento de suas contas e respeitoso com os de posição social menor. Ou seja, o mínimo que qualquer pessoa decente ensina aos filhos e pratica pelo menos na frente deles para dar o exemplo.
       Meu conhecido, segundo informações de uma colega é o único que nunca, pasmem NUNCA, pagou a taxa referente ao cafezinho do departamento em que trabalha, mas come feito uma patusta machadiana (outra referência que copiei do Nelson, e daí?).
        A "moçadinha que muda o mundo" não se preocupa em jogar o lixo no lugar certo, não arruma seu quarto, não cumprimenta a faxineira no trabalho, não contribui para o cafezinho, não cumpre com suas obrigações, porque julga em um nível de moralidade superior aos meros mortais que se ocupam das rotinas, essa "moçadinha que muda o mundo" tem um problema moral sério e nada há que justifique ser como são.
       Provavelmente verei o projeto naufragar, a culpa será de um terceiro, pois a "moçadinha que muda o mundo" não assume seus erros e o cafezinho continuará sendo pago pelos demais que honestos feito um pai de ópera, depositam fielmente o combinado.
       No fundo, a "moçadinha que muda o mundo" é reacionária pacas!