sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O tédio

Minha mãe grita desesperada, como se algo relevante estivesse acontecendo, atendo-lhe e vejo uma, humilde e desprotegida, barata.
As ordens são claras, devo matar a barata antes que minha mãe fique estérica, mas pobre animal, que ela tem comigo? Mato os meus inimigos ou pessoas que queiram o mal de minha família. O que este ser ínfimo pode fazer contra mim?
Não aguento mais ouvir os gritos. Resolvo então, num lápice de instante, atacar aquele indefeso ser com um pisão de minha bota tamanho 44.
Imediatamente se encerra a vida daquele ser, mas e aí?
Prossigo a vida, volto ao meu quarto e vejo a máquina de escrever, lá vejo minha maior inimiga, a página em branco. Quem poderá combatê-la?
O tédio me corrói por dentro e por fora, me vejo no espelho e constato que estou mais feio que antes.
Amanhã vai ser um novo dia!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Autor obstinado

Autor: Thomas Bernhard


Um autor escreveu apenas uma peça de teatro, a ser encenada uma única vez, e naquele que, era em sua opinião, o melhor teatro do mundo, dirigida pelo, também em sua opinião, o melhor diretor do mundo e representada apenas pelos melhores atores do mundo. Esse autor acomodou-se, antes ainda de abertas as cortinas da noite de estreia, no local mais apropriado da galeria, invisível ao público, lá ele posicionou seu fuzil automático e, abertas as cortinas, pôs-se a disparar um tiro mortal na cabeça de todo espectador que, em sua opinião, risse no momento errado. No final da apresentação, só restavam no teatro espectares mortos. Durante toda a encenação, os atores e o administrador do teatro não se deixaram perturbar um só instante pelo autor obstinado e seus tiros.

Sobre o autor:
Niclaas Thomas Bernhard foi um escritor austríaco que escreveu uma obra renomada e considerável que inclui novelas, obras teatrais, autobiográficos, entre outros. É considerado um dos maiores escritores do século XX.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Essas coisas, quando caem no sangue, diluem...

Autor: Maurício Monteiro


Essas coisas, quando caem no sangue, diluem consigo mesmas todos os tremores cardíacos. Essas coisas, nem tão completamente coisas, são corações e corpos, pequenas porções de um universo onde se enterram juntos o desejo e a teatralidade, álibis humanos de uma vida vagamente míope. Essas coisas, nem tão completamente coisas, são como silêncios e palavras: um eclipsa o outro.

Sobre o autor:
Maurício Monteiro é mestre e doutor em musicologia histórica pela Universidade de São Paulo (USP). Atua como entrevistador, comentarista, apresentador, diretor e produtor da Rádio Cultura FM. É autor de vários artigos sobre música, história e comunicação

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Explicações científicas

Gonçalo M.Tavares


Explicam cientificamente as decisões de um planeta, esquecem-se acontecimentos mínimos.Só há livros sobre reis e invasões, enormes discursos, nem uma única página sobre as palavras bom-dia. Ninguém conhece um fato por dentro, como se conhece um objeto de consumo.Não sabe que quem vem do nascimento vai para a morte, dois lugares fixos, cuja distância entre eles depende do acaso, raramente da decisão do homem triste que se suicida.

Sobre o autor:
Gonçalo M.Tavares, nasceu em Angola, Luanda, no ano de 1970. Publicou sua primeira obra em 2001. Escreveu o romance "Jerusalém" que entrou na lista da edição europeia do guia "1001 livros para ler antes de morrer".Tavares já ganhou importantes prêmios, e seus livros originaram vídeos de arte, peças teatrais, entre outros.

Se os tubarões fossem homens...

Autor: Bertolt Brecht


Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos,eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos
aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores,isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

Sobre o autor:
Bertolt Brecht (1898-1956) foi um dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o "Berliner Ensemble" realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Esperanza é a última que morre


Havia falado sobre a nova estrela do jazz, a americana Esperanza Spalding, coloquei várias músicas que ela interpreta no seu atual trabalho e dei informação de que ela disputaria o Grammy 2011.
Embora saiba que ela era a melhor de todos os artistas que foram indicados. Eu dava como certo que um garotinho chamado Justin Bieber iria tomar-lhe o gramofone. Digo isto porque ela é do jazz, nicho de mercado específico, seus fãs não são garotinhas virgens histéricas e não vão aos seus shows sem entender minimamente de música.
Porém, como existem coisas no universo que são realmente estranhas e inexplicavelmente boas. Ela venceu a categoria que disputava, a qual, era a de artista revelação do ano, categoria esta que é sempre muito especial, pois determina muita coisa sobre o futuro dos indicados no cenário musical.
Esta categoria é considerada uma das mais importantes e já deu, por exemplo, aos The Beatles em 1964 a senha para se transformarem na grande sensação dos próximos anos. Porém tralhas como a Cristina Aguillera também já ganharam este prêmio. O que prova que não precisa ser bom. Bastava fazer sucesso.
Bastava, com o advento da internet e a queda vertiginosa da indústria fonográfica não basta apenas um hit, com rosto bonito e jeitinho carismático. A música caminha para um momento onde só sobrevive quem realmente sabe fazer boa música.
A vitória de Esperanza mostra que a indústria fonográfica está começando a entender que hoje, para ser um sucesso, muito mais é necessário. É necessário talento, atitude e algo que diferencie este artista de todos que o antecederam.
Não vivemos mais no mundo do mais do mesmo, mas vivemos num momento onde nós, que sempre estivemos a margem, podemos fazer o nosso trabalho acontecer. O primeiro lugar nas paradas da Bilboard, não resolve mais a vida de nenhum artista, assim como seguidores no Twitter, amigos no Facebook e visualizações no Youtube.
Hoje o artista precisa fazer a música acontecer e com o tempo teremos mais artistas geniais e menos pseudo-artistas pré-fabricados, porque só um artista de verdade terá força para se manter, fazer sucesso e escrever seu nome na história.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

RESSACA

Ele estava escrevendo, pensava que poderia escrever um best-seller. Havia lido muito e estava pronto. Estudara literatura, gramática, ortografia, estética e até técnicas de produção jornalísticas.
Nada poderia pará-lo, senão a falta de imaginação. Ele olhava para sua máquina de escrever e enquanto ouvia Vivaldi, Bach e Brahms, não compreendia como não conseguia escrever uma única linha, um único verso.
Se impressionara como nada lhe surgia, nem uma mísera ideia. Resolveu reler o poema escrito por Bukowski, que se chamava "como ser um grande escritor" e se motivou, venceria de uma vez por todas a página em branco, mas ao fechar o seu livro não conseguia pensar em nada.
Sua alma era pura angústia e sangria, enquanto ao fundo tocava o inverno das quatro estações de Vivaldi. Não entendia, seus anos de estudo e leitura teriam sido vazios? Seria ele um fracasso? Uma fraude?
Resolveu então obedecer o chamamento de Bukowski de ser fiel a apenas a cerveja.
Porém seu estomago era fraco, seus rins não funcionavam direito e qualquer dose mínima que fosse era capaz de fazer-lhe perder totalmente a razão.
Não importava,importava era vencer a página em branco. Então abriu a primeira cerveja, comprara a poucos minutos e não se importando se ela estava ou não quente, virou um generoso gole. Gole este que o fez sentir um legítimo boêmio.
Viu sua mente clarear enquanto já tocava em sua vitrola o Bolero de Ravel e enquanto sua mente perdia as forças e os sentidos permaneceu fiel a beber a sua segunda cerveja, um pouco menos quente que a primeira, porém extremamente destrutiva.
Seu organismo não recebeu muito bem aquele estranho líquido, cultuado mundialmente, porém venenoso para ele. Seu estômago doía e sentia que precisava comer algo.
Levantou-se e, ao dar o segundo passo, se desequilibrou caindo sob sua vitrola, arranhando a última faixa daquele lado do disco, que era a maravilhosa "Ária na corda do sol" de Bach. Ao perceber o feito, suas lágrimas caíram sobre o disco que não parava de dar os primeiros acordes.
De alguma maneira, Bach sabia tocar no coração das pessoas e aquela melodia foi acalmando o seu coração.
Deitou-se no chão e aonde estava olhava para o teto, esperando a tonteira passar.
De repente, ele sentiu algo lhe incomodar próximo a sua perna, era uma faca caída, caída ao seu lado, por alguma razão que todo o universo desconhece plenamente.
Ele pegou a faca, com sua mão direita e de bruços começa a talhar no taco do chão de sua casa: "Meu universo, meu sonho, minha palavra, minha ressaca". É isso! Se levantou como se o efeito de tudo aquilo houvesse passado e datilografou um texto ao qual deu o nome de RESSACA.

Ária na corda sol

Vem,
conhece o mundo que te dou
mundo que pode ter amor
e dor
e aquilo que sentes no momento que quiseres

Seja,
aquilo que tua alma quiser ser
seja aquilo que faz tua alma crescer
e ser
e ver que tudo pode transceder

Veja,
não há nada que o amor não possa curar
ou matar

Ame,
ainda que isto custe a sua paz,
seus dias,
suas esperanças

se não for assim,
pra que ser feliz
se não sentir e conhecer a verdadeira felicidade,
ideia tão velha e abstrata

Faça,
aquilo que quer ver acontecer,

Enlouqueça
muita razão faz mal,

Vê, ouve, cheira, sente, sua alma vai entender o que quer dizer amor.

Amor em poucos clique - Capítulo 5

Algo muito estranho aconteceu no universo numa sexta-feira a tarde. Cristian resolveu se arrumar, fazer a barba (estava igual a uma mendigo), se perfumar e sair para algum lugar.
Não que ele estivesse com algo já em mente, mas só o fato dele deixar o trabalho para depois e matar uma aula de macroeconomia, para esfriar a cabeça, já é um sinal de que as coisas no universo talvez não sejam tão pragmáticas assim e que coisas impensáveis podem acontecer.
O mais incrível de tudo, é que a quilômetros dali, Rosa aceitou o convide de um rapaz para sair. Programinha família, ir a uma pizaria a algumas quadras de onde ela mora. Mas para Rosa era algo muito estranho sair com um homem. Afinal, ela vivera a esperar por um príncipe e não por Adão.
Adão era um rapaz simples, trabalhador e boa gente, que conseguiu o grande feito de convencer Rosa a sair com ele. Sua vida nunca teve muitas emoções, mas sem dúvida ele poderá se orgulhar pois conseguir sair com Rosa, era uma feito realmente relevante.
Como diz a teoria do efeito borboleta, uma borboleta bate as asas de um lado e cria um tornado em outro lado. O fato de Rosa e Cristian saírem de suas rotinas poderia fazer um colapso na ordem do universo. Ainda bem, que ambos não passam de seres insignificantes de um planeta brega e insignificante na borda de Ursa Maior.
Bom, para não ir direto ao ponto e não ficar divagando mais sobre o sentido da vida e as consequências de atos insignificantemente insignificantes, contarei o que aconteceu a ambos.
Cristian foi a um bar sozinho. Olhou para muitas mulheres, todas que lá estavam, porém nenhuma delas esboçou alguma reação, com excessão de uma senhora com uns cinquenta e poucos anos a qual, uma pessoa normal, só ficaria com ela se estivesse embebido de LSD, numa praia deserta, com um óculos de realidade virtual, o qual o faria ter alucinações em uma proporção tal, que ele não teria o menor controle sobre as próprias genitalias. Caso contrário, nem sonhando.
A mulher era feia de tal maneira, que me arrependi de tê-la colocado na história e já vou mudar de assunto.
Enquanto isso, Rosa tinha uma agradabilíssima noite com Adão, ele era um rapaz muito gentil e doce. Ambos foram até uma pizaria simples, porém era aonde Adão se sentiria a vontade, sorte dele é que Rosa também é uma pessoa de coração simples.
Ela aprecia a doçura e gostou muito da forma de Adão lhe tratar. Ele lhe parecia tão respeitoso e olhava para ela como quem sonha em tê-la como esposa. Sim, Adão olhava para ela de tal forma que ninguém que estivesse vendo o casal teria dúvidas, Adão estava apaixonado por Rosa e ela aos poucos começava a gostar da ideia.
Fizeram o pedido, pediram uma pizza média de lombo canadense e um vinho argentino. Adão tinha muito a ver com Rosa. A conversa ia de vento e polpa, quando Adão não suporta e se declara apaixonado por Rosa. Qualquer um diria que não se deve fazer isto nos primeiros trinta minutos do primeiro encontro, mas como a arte da conquista não é uma ciência exata,Rosa deiou uma lágrima escorrer em seu rosto.
Ela ficou emocionada, pois finalmente alguém disse a ela o que ela sempre sonhara ouvir. "Rosa eu te amo, penso em você todo dia, minha vida sem você está se tornando um martírio insuportável. Teus olhos, tua boca, teu cabelo, teu corpo, enfim tudo o que há em você, é tudo que desejo, sonho e amo. Te amo Rosa e quero apenas que saiba disto, pois o silêncio já me consumia."
Depois de uma declaração dessas, Rosa não teve dúvidas, beijou Adão. Beijou como nunca havia beijado ninguém nessa vida. Seus lábios pareciam eletrocutados e por um momento seu corpo se sentiu anestesiado. Rosa se sentia no céu, beijando a boca de Deus. Ela não buscava um namorado, nem um marido ou algo semelhante. Ela buscava encontrar o amor, que segundo ela, era "a essência da vida".
Enquanto isso, Cristian estava bêbado, muito bêbado e repetia as palavras de Adão a uma senhora de uns cinquenta e poucos anos, que de tão feia eu tinha parado de falar nela em respeito ao meu leitor.
Mas Cristian não perdoa quando está loucamente embriagado e este infeliz personagem, por mim criado, me decepciona mais a cada linha que escrevo. Cristian, leva a mulher para a sua kitnet apertada e suja e passa a noite mais assustadora que alguém em sã consciência poderia passar em toda a sua vida.
Infelizmente Cristian só notaria o que fez no dia seguinte, onde a ressaca seria maior do que o normal e sentiria uma enorme vontade de morrer, quando viu o tamanho da besteira que fez.
Acordar tendo essa distinta senhora no seu lado foi surreal,não há palavras em nossa dicionário para explicar o misto de susto, medo e arrependimento que Cristian sentira por seus incrivelmente corajoso feitos da noite anterior.
Sua boca ardia, precisava beber água, sua garganta estava seca e tal qual alguém resolve se converter, Cristian do fundo de sua alma se converte a uma vida nova, uma vida sem alcool.
Rosa, acorda em uma cama a qual não estava acostumada a dormir, acorda na cama de Adão. Se entregara a ele na noite anterior, perdendo sua virgindade e também o medo de amar alguém.
Ela guardou cada momento daquela noite, cada palavra, cada gesto, cada carícia, cada beijo daquela noite. Recostada sobre o peito de Adão ela ouvia o coração dele bater de uma forma que fazia sua alma recordar daquela noite.
"Perdi minha virgindade com o cara certo", pensou Rosa. E daquele dia em diante, Rosa decidira que amaria a Adão. E faria de tudo para fazê-lo feliz.
Nascia o amor em seu coração. Sim, ela deu a luz para o amor em sua vida, até ontem ela fazia a gestação deste amor, mas agora ele era vivo e real.
Nada tão imprevisível como a vida!

Continua

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Voz, estilo e grooves sensacionais

Nesta semana gostaria de falar de uma cantora que não está no meio alternativo, mas tem um trabalho musical espetacular, um estilo totalmente inovador e um instrumental fora de série. Estou falando da norte americana Esperanza Spalding.

Nascida em Portland e com uma voz incrível, voz que lembra das grandes divas do Jazz como a Billie Holiday e outras interpretes do Blues e do R&B. Esperanza encara um desafio incrível que é o de liderar uma banda de excelentes músicos, somada a uma performance como baixista, que é para instrumentista nenhum botar defeito.

Seus grooves e seu gingado são muito atraentes além de ter a maravilhosa qualidade de saber a nota certa no momento certo, no andamento certo. Enfim uma baixista completa, que domina tanto o baixo elétrico como baixo acústico.

Veja abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=g-rWNAQx1ZE&feature=related


Como se não bastasse ela nos dá mais um motivo para ouvi-la com respeito, que é sua interpretação junto ao magnífico Milton Nascimento, na música Apple Brosson, onde a sonoridade das vozes torna esta música algo único e incrivelmente lindo.

Veja abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=-5zhqOZGMbo

Além disso, também interpreta músicas em português, levando o que a de melhor em nossa MPB ao grandes círculos da mídia norte americana.

Veja abaixo sua interpretação de uma música de Milton Nascimento:


http://www.youtube.com/watch?v=wpvQUzPdBLY&feature=related


Agora veja uma interpretação da música “Coisa Feita” de João Bosco:


http://www.youtube.com/watch?v=DgROvvyDfpc&feature=related


Graças a este trabalho ela foi indicada ao Grammy 2011 na categoria de "Melhor Artista Revelação" (Best New Artist), ao lado de nomes da pop music tais como Justin Bieber, Drake, Florence & The Machine e Mumford & Sons.

Ao meu ver ela é melhor que todos eles juntos, mas isto é apenas opinião. E a sua? Deixe seu comentário.



Monólogoooool

Estou falando sozinho
Minha voz é inaudível,
Mas falo,
Grito,
Esbravejo.
Maldita hora que escolhi me apaixonar pelo futebol

Vejo aqueles homens
e agora mulheres também
a correr atrás deste ser esférico
Estérico,
Enlouquecido,
Sem saber o que dizer.

Meu time?
Torço para todos,
todos os dias.
Torço para o América
todos os dias.
Ei de vê-lo campeão

E agora me calo
é a hora do intervalo.
Vou voltar a ser alguém normal
Se bem que,
no Brasil..............
Amamos Futebol.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Frase de Viviane Mosé

Ética é cuidar de si mesmo
porque o outro é si mesmo.

Viviane Mosé é uma das maiores filosofas brasileiras da atualidade.

Amor em poucos cliques - Capítulo 4

Cristian trabalhava para Caetano em seu projeto.
O projeto de Caetano era ambicioso, criar uma rede social perfeita para o gosto feminino, onde, elas poderiam determinar o que procuravam, sem conhecer ninguém e depois surgiriam candidatos que se julgavam dentro dos parâmetros das mulheres.
Depois, bastava que as mulheres escolhessem e começassem a se relacionar com os indivíduos que se candidatavam.
As mulheres mandariam, escolheriam a cor dos olhos, porte físico, idade,tamanho do pênis, conta bancária, marca do carro e para as românticas que não se seduzem pelos itens acima as características emocionais dos caras. Sim, elas poderiam fazer uma pesquisa e encontrar as características do homem perfeito, segundo o seu ponto de vista.
Cristian trabalhava duro e começava a dar forma ao projeto. Apesar de não saber lidar muito bem com as mulheres ele sabia razoavelmente o que elas queriam. Ele pensava que conseguiria montar um formulário onde os homem que se cadastrasse teria de ser o mais sincero possível. Sendo assim, ele incluira em seu sistema uma série de dispositivos que dessem à mulher a perfeita noção de quem elas estavam encontrando.
Não era fácil, mas seu trabalho estava indo de vento em polpa, quando chega a notícia que mata suas esperanças.
Caetano desiste do projeto.
- Como assim cara? - Questiona Cristian - Estou nisso a meses!
Caetano sem titubear responde.
- Te paguei o combinado, não paguei? Acabou o meu interesse nesse projeto. Não vou concorrer com o Facebook.
- Mas cara, eles eram desconhecidos e olha o que são hoje - insiste Cristian.
- Está fechado, não mudo de ideia - respondeu Caetano com firmeza - Pode ficar com o software todo para você, faça com ele o que quiser.
- O que irá fazer agora?
- Vou abrir um bar.
Cristian fica desolado. O software caminhava bem e ele ja criaria um perfil de testes para corrigir falhas e ver a aceitação do site e Caetano larga de repente.
"É uma questão de honra" pensa Cristian, um dos homens mais insistentes do mundo.
Enquanto isto, a muitos quilometros dali, Rosa continuava a pensar.Mas ela pensava em seu mundo, a parte da maioria das meninas de sua idade.
Ela pensava no amor de fato, uma coisa meio Vinícius de Morais, enquanto suas amigas riam de sua solidão. Dizia-se até que ela era lésbica.
Fato era que Rosa não ficava com qualquer cara, passava festas e festas sem ficar com ninguém e não era por falta de pretendente, ela queria apenas amor.
Como é difícil achar alguém assim. Pior é encontrar quem ame!

Bukowski - Como ser um escritor

Charles Bukowski, nasceu na Alemanha em 1920, porém viveu toda sua vida nos EUA. Deixou uma literatura incrível e um número respeitável de obras.
Ainda não o conheço, ainda estou lendo o primeiro livro de sua autoria que tive acesso até hoje, mas a cada linha me impressiono.
Me impressiono com sua palavra crua, sua preocupação estética nada acadêmica e como ele monta os seus personagens. É como se ele tivesse vivido tudo aquilo que ele escreve.
Segue um poema de sua autoria chamado Como ser um grande escritor, se delicie:


tens que foder muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever alguns bons poemas de amor.

e não tens que te preocupar com a idade
e/ou novos talentos.

apenas bebe mais cerveja
mais e mais cerveja

e vai às corridas pelo menos uma vez
por semana

e vence
se possível.

aprender a vencer é difícil –
qualquer imbecil pode ser um bom perdedor.

e não te esqueças de Brahams
nem de Bach nem
da cerveja.

não faças exercício a mais.

dorme até ao meio-dia.

evita cartões de crédito
ou pagar seja o que for a
tempo e horas.

lembra-te que não há nenhum cu
no mundo que valha mais de $50
(em 1977).

e se tens a capacidade de amar
ama-te primeiro
mas nunca te esqueças da possibilidade de
derrota total
mesmo que a razão para a derrota
seja justa ou injusta –

sentir cedo o bafo da morte não é
assim tão mau.

afasta-te das igrejas e bares e museus,
e como a aranha sê
paciente –
o tempo é a nossa cruz,
mais o exílio
a derrota
a traição

tudo isso.

sê fiel à cerveja.

uma amante constante.

arranja uma grande máquina-de-escrever
e enquanto ouves os passos para cima e para baixo
lá fora

martela a coisa
martela com força

transforma-a num combate de pesos-pesados

transforma-a no touro na sua primeira investida

e lembra os velhos sacanas
que tão bem lutaram:
Hemingway, Céline, Dostoievsky, Hamsun.

se pensas que eles não enlouqueceram
em pequenos quartos
tal como tu agora

sem mulheres
sem comida
sem esperança

então não estás preparado.

bebe mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
na mesma.

versão de manuel a. domingos como ser um grande escritor

tens que foder muitas mulheres
mulheres bonitas
e escrever alguns bons poemas de amor.

e não tens que te preocupar com a idade
e/ou novos talentos.

apenas bebe mais cerveja
mais e mais cerveja

e vai às corridas pelo menos uma vez
por semana

e vence
se possível.

aprender a vencer é difícil –
qualquer imbecil pode ser um bom perdedor.

e não te esqueças de Brahams
nem de Bach nem
da cerveja.

não faças exercício a mais.

dorme até ao meio-dia.

evita cartões de crédito
ou pagar seja o que for a
tempo e horas.

lembra-te que não há nenhum cu
no mundo que valha mais de $50
(em 1977).

e se tens a capacidade de amar
ama-te primeiro
mas nunca te esqueças da possibilidade de
derrota total
mesmo que a razão para a derrota
seja justa ou injusta –

sentir cedo o bafo da morte não é
assim tão mau.

afasta-te das igrejas e bares e museus,
e como a aranha sê
paciente –
o tempo é a nossa cruz,
mais o exílio
a derrota
a traição

tudo isso.

sê fiel à cerveja.

uma amante constante.

arranja uma grande máquina-de-escrever
e enquanto ouves os passos para cima e para baixo
lá fora

martela a coisa
martela com força

transforma-a num combate de pesos-pesados

transforma-a no touro na sua primeira investida

e lembra os velhos sacanas
que tão bem lutaram:
Hemingway, Céline, Dostoievsky, Hamsun.

se pensas que eles não enlouqueceram
em pequenos quartos
tal como tu agora

sem mulheres
sem comida
sem esperança

então não estás preparado.

bebe mais cerveja.
há tempo.
e se não houver
está tudo bem
na mesma.

Tradução de Manuel A. Domingos

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ode À Madrugada

Um poema para dizer boa noite

As horas passam
O ar da noite muda de textura
Já devia ter ido para cama
Mas foge o sono de mim
E nunca foge o amor pela madrugada

Madrugada e seus mistérios
Sua forma peculiar
Quem pode com a sua sedução
Quem não te ama por nesses momentos fugidios,
poder amar,
pensar,
viajar,
poetizar.

Madrugada do sono incontido
Da insônia permanente
Dos versos sem métrica
nem rima
Do amanhecer que se aproxima
O meu ode a ti lhe dou.

Queria ser teu amigo madrugada
Mas o amanhecer me impede,
Queria aproveitar de suas tentações
Mas o dever sem devir me chama
Boa noite madrugada!