quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A moça de piercing


  Francisco sentou-se em sua poltrona. Era uma curta viagem, seriam apenas 40 minutos ligando uma cidade a outra. Retirou de sua mochila um grosso volume de A República de Platão, Faltavam 5 minutos para o ônibus sair. Ao ouvir o barulho do motor do ônibus, entra uma moça no ônibus, linda, completamente linda.
   Ela se senta ao lado de Francisco, diz "Boa tarde", Francisco lhe retribui a saudação. A moça coloca os fones, inclina a sua poltrona e fecha os olhos.
   Francisco a olha para a moça de cima até os pés. Logo, já pode supor o distinto leitor, Platão deixou de ser o objeto das atenções de Francisco. Começa ele a pensar quem seria aquela garota, o que fazia da vida e até mesmo como ela seria na cama.
    Em seus devaneios, Francisco vê um piercing no nariz da moça. Ele nunca em sua vida havia namorado, ficado ou transado com uma moça de piercing. Mas algo ele sabia por intuição. "Mulheres com piercing são um estouro".
    Perdõe caro leitor pelas gírias e pensamentos conservadores de Francisco, mas ele tinha mais de 50 anos e era um homem profundamente conservador, embora nunca tenha casado e nem tido filhos. As gírias de Francisco e seu entedimento do mundo torna uma conversa entre ele e um adolescente completamente ineficaz.
    Voltando à narrativa.
    Os devaneios de Francisco começam a tomar a sua mente. Várias perguntas começaram a intrigá-lo, primeiramente se ela só teria aquele piercing ou se por acaso ela teria outros e onde seriam esse piercings, em segundo lugar ele começou a imaginar o que essa garota estaria ouvindo em seu IPOD, o que ela fazia da vida e principalmente se ela honrava a fama das mulheres de piercing.
    Ele pensava, pensava e A República de Platão ia ficando de lado.
    De repente a moça de piercing acorda e olha para Franciso.
   - Olá estranho! - disse a moça imitando uma fala da Natalie Portman no filme Close.
   - Oi - responde Francisco monossilábico.
   - Você gosta de Platão?
   - Sim - agora além de monossilábico Francisco treme e começa a suar frio.
   - Adoro esse livro, embora discorde profundamente do livro X, penso na poesia de outra maneira ... - e vai discorrendo sobre A República, mostrando entender do assunto.
   - Pera aê -  o mundo de Francisco parou para ele descer - Você lê livros?
   - E por que não leria? - pergunta a moça com espanto.
   - O que você está ouvindo? - Francisco continua o questionário.
   - Bom, você é estranho mesmo. Estou ouvindo a 8ª sinfonia de Mahler segundo movimento.
   - Hã?
   - O que eu tenho de estranho?
   - Nada - responde Francisco com a mente dando um nó - Mas então o que mais você gosta de ler?
   - Posso declamar Fernando Pessoa para você!
   - Sério?
   - Vou descer daqui antes da rodoviária e dormir em um motel na estrada, posso te ensinar "O Guardador de Rebanhos" se você quiser me acompanhar.
   Francisco emudeceu,  acompanhou a moça e teve a melhor noite de sua vida.
   Muitas  perguntas de Francisco foram respondidas naquela noite, principalmente a sua dúvida sobre os piercings, ele descobriu mais dois um no umbigo e outro para aguçar a imaginação do leitor.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Para ser popular é indispensável ser medíocre

Li essa frase do Oscar Wilde e pensei, "taí, por isso minha carreira não decolou ainda!".
Resposta fácil para uma pergunta difícil.
Não que Wilde esteja errado. Concordo com ele, todo gênio possui uma série de inimigos declarados. Todo gênio possui pessoas que o odeiam, os medíocres em contrapartida estão na Academia Brasileira de Letras.
Bom, mas será que todo popular é medíocre? Nem sempre, todo aquele que consegue tocar o coração das pessoas é genial, mas qual é o limiar da mediocridade popularesca ao gênio que alcança o coração das pessoas?
Definitivamente não sei. A fórmula do sucesso é complexa e poucos são as que a encontram sem ser medíocre. No fundo levamos tudo muito a sério e nada sabemos sobre nós mesmos.
Oscar Wilde também dizia, "A vida é muito importante para ser levada a sério". No fim das contas Wilde está certo de novo.
Penso que o segredo talvez seja continuar escrevendo sem muitas pretensões afinal o próprio Wilde disse:
"A ambição é o último recurso do fracassado."

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Como se cria um mito?


A afirmação de Boni que houve de sua parte apoio na construção da imagem de Collor no debate de 89 apenas disse o que todos sabiam. Fato é que tanto Lula quanto Collor se enfrentaram de forma altamente feroz e até mesmo vergonhosa ao nosso país. Além do embate político era um momento para se pensar qual tipo de país iríamos querer.
Por um lado, um jovem político nordestino com um discurso a favor dos pobres e um forte apelo nacionalista, do outro um sindicalista que com grande apoio de artistas e intelectuais aparece sendo a solução de todos os problemas do país.
Passa o tempo e todos sabem quem é quem. Mas minha reflexão se repousa na idéia da construção dos mitos Collor e Lula, um morto e o outro mais vivo dos que nunca. Como se construíram esses mitos?
Ambos se colocaram como heróis do povo, ambos prometiam resolver os problemas do país em poucos dias de mandato, ambos se portavam como se tivessem todas as respostas para as perguntas às quais o brasileiro tinha. Ambos eram pais dos pobres.
Porém, o alagoano Collor era belo, atlético e com uma retórica irrepreensível. Enquanto o sindicalista lembrava os guerrilheiros comunistas cubanos, lembrava a pobreza que tanto assolava ao país, visto que, além de aparência, seu linguajar bretão fazia o povo temer que ele fosse um louco que poderia fazer muita bobagem como presidente do Brasil.
Lula mudou, seu discurso caminhou para o centro, desagradou muitos esquerdistas, mais ganhou a classe média e com seu grande carisma conseguiu conduzir uma campanha vitoriosa anos depois.
 Recebeu um país que poderia dar certo, o mundo crescendo economicamente e várias oportunidades lhe caíram ao colo. Saiu da presidência mais forte que qualquer um de seus antecessores, elegeu sua sucessora, conseguiu respeito de vários líderes mundo afora e é tido por muitos brasileiros como o melhor presidente da história.
Enquanto isto, algo estranho, acontece no Brasil. Collor, o mito desconstruído, a ilusão perdida do povo aquele ao qual o povo brasileiro não confiaria nunca mais e que foi o primeiro presidente da história do Brasil a sofrer um impeachemant, se elege Senador pelas Alagoas, estado que além dele possui lideranças antagônicas, como Renan Calheiros e Heloísa Helena.
Esse Senador torna-se forte dentro da câmara, assumindo a comissão de infraestrutura, sendo importante aliado do Presidente petista para aprovação das obras do PAC (programa de aceleração do crescimento).
Lula e Collor contam muito sobre o que é o Brasil. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

Uma música eterna

My Way

Meu jeito

And now, the end is near;
E agora, o fim está próximo
 
And so I face the final curtain.
Então eu encaro o desafio final 
 
My friend, I'll say it clear,
Meu amigo, Eu vou falar claro
 
I'll state my case, of which I'm certain.
Eu irei expor meu caso, do qual tenho certeza





I've lived a life that's full.
Eu vivi uma vida que foi cheia

I've traveled each and ev'ry highway;

Eu viajei por cada e todas as rodovias
 
But more, much more than this,
E mais, muito mais do que isso 
 
I did it my way.
Eu fiz do meu jeito





Regrets, I've had a few;
Arrependimentos, eu tive alguns 
 
But then again, too few to mention.
Mas então de novo, tão poucos para mencionar 
 
I did what I had to do
Eu fiz o que tinha que fazer 
 
And saw it through without exemption.
E eu vi tudo sem exceção







I planned each charted course;
Eu planejei cada caminho do mapa 
 
Each careful step along the byway,
Cada passo cuidadosamente no correr do atalho 
 
But more, much more than this,
Oh mais, muito mais que isso 
 
I did it my way.
Eu fiz do meu jeito 
 
 

Yes, there were times, I'm sure you knew
Sim, teve horas que eu tinha certeza 
 
When I bit off more than I could chew.
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar 
 
But through it all, when there was doubt,
Mas entretanto, quando havia dúvidas 
 
I ate it up and spit it out.
Eu engolie cuspi fora 
 
I faced it all and I stood tall;
Eu encarei e continuei grande 
 
And did it my way.
E fiz do meu jeito 
 
 

I've loved, I've laughed and cried.
Eu amei, eu ri e chorei 
 
I've had my fill; my share of losing.
Tive minhas falhas. minha parte de derrotas 
 
And now, as tears subside,
E agora, como as lágrimas descem 
 
I find it all so amusing.
Eu acho tudo tão divertido 
 
 

To think I did all that;
De pensar que eu fiz tudo 
 
And may I say - not in a shy way,
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida 
 
"No, oh no not me,
Oh não. não eu 
 
I did it my way".
Eu fiz do meu jeito 
 
 

For what is a man, what has he got?
E pra que é um homem, o que ele tem 
 
If not himself, then he has naught.
Se não ele mesmo, então ele não tem nada 
 
To say the things he truly feels;
Para dizer que as coisas que ele sente de verdade 
 
And not the words of one who kneels.
E não as palavras que ele deveria revelar 
 
The record shows I took the blows -
Os registros mostram que eu recebi as desgraças 
 
And did it my way!
E fiz do meu jeito



Yes, it was my way!!!