quinta-feira, 6 de junho de 2013

Adoro mulheres com TPM

     Não, isto não é uma questão de masoquismo. Não é nenhum tesão estranho, nem fantasia de cara com problema psicanalítico bravo, do tipo que nem Freud, nem Lacan e nem Jung saberiam explicar. Adoro mulher na TPM, pois nesta época do mês ela tem o poder de se reinventar. A TPM é a licença poética para tudo aquilo que a mulher estiver sentindo dentro de si aflorar sem culpa e sem quem a culpe por seus atos.
     Algumas mulheres ficam irritadas, nervosas como o Cão. Outras ficam mais pacíficamente calmas que Ghandhi depois de uma sessão de massagem relaxante. Há aquelas que ficam sensíveis a ponto de se emocionar ao ouvir um bom dia e choram copiosas lágrimas pela menor das gentilezas de seu romeu. Existem as que sentem dores tão fortes que ficam distantes num estado de aparente catarse.
       No fim das contas, nós que nascemos no lado Adão do mundo, jamais entenderemos o que acontece. Assim como nunca entenderemos a dor esquecida depois do parto, o desespero do amor maternal, a beleza do equilíbrio de sua elegância sob um salto, a força da solidariedade feminina nos momentos limítrofes, a dignidade de levantar a cabeça perante os nossos absurdos atos machistas.
       As mulheres em geral são incríveis, capazes de proezas que jamais seremos capazes de empreender, por isso não posso imaginar minha vida sem ela. Sim, ela, você caro leitor não sabe, mas não consigo viver sem ela, ou elas. Sou completamente dependente do lado Eva do mundo, preciso diariamente das mulheres para me sentir em equilíbrio e em paz.
      Mesmo que ela nem queira me ver por causa da raiva da TPM, ou esteja carente demais por causa da TPM, ou esteja triste demais por causa da TPM, ou esteja necessitando de maiores cuidados... advinha .... por causa da TPM.
      O homem só aprende a amar sua mulher depois de amar suas multifacetas criadas por todo e qualquer fenomenologia hormonal.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Namorar o tempo

Às vezes somos obrigados a esperar...
Esperar é má ideia...
Não esperar é pior ainda!

Namorar o tempo é fitar-lhe os olhos,
pegar a sua mão incerta,
beijar seus lábios inconstantes
abraçar seus segundos fugidíos.

Namorar o tempo é entendê-lo como ente feminino
compreender suas imprevisibilidades,
observar seus caprichos,
amar o tempo como a própria alma.

Namorar o tempo é cortejar a eternidade!
Casar-se com o presente!
Noivar-se com o futuro!
Divorciar-se do passado!
....
e esperar
Esperar o carinho do tempo que sempre...
sempre...
sempre...
retribui o amor de seus amantes...
mesmo que demore!

Cansei

Cansei de ser adolescente!
Cansei de amores juvenis
e diários apaixonados,
de músicas a embalar
um sonho encantado!
Da falta de atenção provocada pelos primeiros amores
da tristeza e da alegria,
desta euforia que do nada vem!
da falta incompreensível que faz ter um alguém.

A adolescência me deixa exausto
Retira as forças guardadas para as lutas verdadeiras,
cria rimas mal feitas e sem métrica
Cria desabafos de quem já deveria saber para ensinar
Me torna aluno quando devia ser professor.

Quero matar o Peter Pan que vive em mim
Crescer até que não é má ideia
Envelhecer e um caminho irreversível.
Entender o tempo é a melhor e talvez única escolha

Me falta uma bandeira

Não sou religioso,
nem um ateu militante.
Não sou comunista,
nem um direitista reacionário.
Não sou gay,
nem um hétero homofóbico.
Não sou cientista,
nem um crente em mandingas.
Não sou metaleiro,
nem gosto daquilo que é pop.
Não amo Caetano,
nem odeio os que ouvem a tropicalia.
Não leio a Clarice,
nem acho que sou masculino demais para entender a mente feminina.

Me falta uma bandeira!
A maior parte das que conheço não quero empunhar.
Quero ter o direito de não saber,
de admitir as dúvidas,
de ter gostos incertos,
vontades vacilantes,
opiniões contraditórias,
andar no caminho ainda não trilhado
ou simplesmente não andar.

Me falta uma bandeira!
Me falta um brasão!
Me falta um hino!
Me falta um símbolo e uma causa!
Nada me falta!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Nem tudo termina bem

      Arthur estava no hospital, seu estado de saúde era ruim, respirava com ajuda de aparelhos e haviam um sem número de remédios sendo injetados em seu corpo.
       Laura, sua esposa estava ao lado, havia chorado a noite toda e aproveitava os momentos de sono de Arthur para chorar mais um pouco. Quando Arthur acordava ela estava sempre recomposta e maquiada, apesar de triste. Que mulher era é essa Laura, que cara de sorte esse Arthur.
        Sento-me ao lado de meu amigo e falo sobre futebol e outras coisas fúteis para trazer um clima menos mórbido para o ambiente. Laura, apesar de sua força, continuava tensa. Arthur ria sem graça. Eu admirava Laura. Apesar de tudo sentia tesão!
         Depois de muito conversar, com Arthur ele dorme de repente. Laura confere se está tudo bem, se aproxima de mim, me abraça e chora.
          - Você é um bom amigo! - diz ela em lágrimas tocantes.
          - Você é uma mulher de verdade! - respondo com firmeza.
          - Não aguento mais essa tensão! Minha vida virou um inferno depois da doença dele! É tão triste vê-lo assim e saber que ele vai morrer em breve!
           - Está tão mal assim? - pergunto com espanto
           - Ele tem algumas semanas de vida se tiver sorte... Não aguento mais essa pressão!
           Sinto Laura em meus braços, aperto seu corpo de forma mais firme, pareço seu marido. Olho para ela e trocamos olhares. Sua força se esvai, ela desfalece em meus braços, sente o abrigo que ela tanto precisava nesses dias de trevas e solidão.
            Pego sua mão, sento na poltrona ao lado da cama e Laura se senta em meu colo. As lágrimas dela molhavam o meu peito e seu choro ficou copioso e seus gemidos ficaram excessivamente constantes. Laura começa a gritar fortemente de dor.
             Em meio aos gritos dela, lhe abraço com mais força. Depois pego seu rosto e faço carinho, ela me olha com um olhar profundamente carente. Dou-lhe um beijo!
             Nos beijamos apaixonadamente ao lado de um homem moribundo. Beijo os lábios de uma quase viúva, cometemos um quase adultério.
              Arthur acorda em meio a nosso beijo. Todo o otimismo quanto a vida se vai, descubro que a morte pode ser uma boa escolha!
              A morte bateu à porta de Arthur e contemplamos seu fim! Seus batimentos cardíacos param, seus olhos ficam vidrados, Laura se sente livre. Ela me beija mais uma vez, desta vez seu beijo tem gosto de cinzas, foi um beijo de velório, um beijo de morte.
              Ficamos calados, um silêncio de morte, foram muitos minutos de silêncio, saio do hospital e nunca mais vejo Laura. Sequer voltei para o enterro.
              Laura fica ao lado de Arthur, não derrama uma lágrima sequer. Diligentemente cuida do enterro de seu marido, chora ao lado dele durante o velório e nunca mais voltou a amar alguém.
                 

Ela precisa de massagem

      Em meio a aula de direito civil, sua feição muda. Ela mexe o braço de modo a movimentar seu ombro, cada um de seus movimentos parecia doer.
      Ela então, discretamente, abaixa uma das alças de sua blusa, deixa seu ombro branco nu e começa uma espécie de auto-massagem, uma verdadeira masturbação muscular. Seus movimentos lentos e contínuos fazem seu semblante mudar. Uma sensação de leve prazer domina o seu semblante.
      Se minhas mãos lá estivessem a história seria outra. Certamente seu rosto ficaria corado de vergonha, sua pele quente de prazer, certamente lhe provocaria os seus desejos de mulher, talvez lhe fizesse uma mulher apaixonada com meu toque, provavelmente ela se sentiria por completo em mim.
       Minha massagem seria a maior de todas as preliminares, o supra sumo da sedução, o desejo criado através das minhas mãos em seu corpo.
        Se isto acontecesse, cessaria por completo as suas tensões, ela esqueceria de seus problemas e melancolias, perderia o medo da morte, graças à plenitude de vida que eu poderia lhe dar.
        Não sou santo, passo longe disto, não sou milagreiro, meu desejo não é divino e nem espiritual. Sou apenas o dono do carinho, ao qual, ela não faz ideia que eu posso dar.
         Já cantava o poeta, "a se tu soubesses como sou tão carinhoso e como bem te quero...".
         De fato ela anda tensa, de fato ela precisa de massagem!

Uma história que não dá em nada

      Estava eu andando para um casa. Andava com um passo normal, mas com uma respiração sôfrega e triste, a razão da tristeza era desconhecida, a sofreguidão também.
      Cheguei em casa, olhei minha geladeira e vi um ovo solitário e uma laranja podre, fiquei triste. A tristeza é algo que melhora a alma. Sentei-me no sofá, liguei a TV e vi um programa qualquer, sem o menor sentido e sem a menor graça. Em cinco minutos eu já não me lembrava mais do que eu havia visto no programa.
       Me levantei do sofá, fui até meu computador velho e comecei a escrever uns poemas, meu trabalho ia mal, mal demais. Desisti dos poemas, tem dias que esta merda não funciona! Fui jogar paciência, finalmente algo me interessou naquela noite.
        O jogo ia bem, as cartas eram mais parceiras que as palavras naquela noite. Resolvi mudar de ideia, pensei em uma cena que não deu em nada e nem haveria como dar. Sendo assim minha mente começou a ficar cansada e resolvi voltar aos poemas. Meu livro precisava ficar pronto.
        Fiz um poema horroroso, senti vergonha da minha história, mandei para meu editor assim mesmo. Dane-se o mundo! Foda-se o meu editor!
        Enviei o poema para o email do meu editor. Levantei-me e fui até a janela. Olhei para os carros que passavam lá embaixo, olhei para o chão distante de mim. Fiquei triste de novo. Até a morte estava distante de mim naquela noite.
         Não saí mais de casa durante 25 dias, não vi ninguém, não fiz minha barba e nem tomei banho, parecia um mendigo. Como é bom conseguir parecer aquilo que se é!
         No vigésimo sexto dia, meu editor aparece na minha casa.
         - Cara, seu último poema é genial!
         - Não! É lixo!
         - Não seja modesto cara, você um gênio, agora vá tomar um banho, se barbear e parecer gente. Precisamos assinar o contrato para publicar o seu livro.
         - Me dá o contrato, não preciso de banho para assinar o meu nome.
         - Cara, você está estranho...
         - Foda-se!
         Meu editor ficou chateado com a minha reação, pegou um papel e assinei sem ler.
         Ele foi embora sem falar nada, sentei-me de novo e fiquei esperando por algo que eu não sabia o que era!