terça-feira, 4 de junho de 2013

Uma história que não dá em nada

      Estava eu andando para um casa. Andava com um passo normal, mas com uma respiração sôfrega e triste, a razão da tristeza era desconhecida, a sofreguidão também.
      Cheguei em casa, olhei minha geladeira e vi um ovo solitário e uma laranja podre, fiquei triste. A tristeza é algo que melhora a alma. Sentei-me no sofá, liguei a TV e vi um programa qualquer, sem o menor sentido e sem a menor graça. Em cinco minutos eu já não me lembrava mais do que eu havia visto no programa.
       Me levantei do sofá, fui até meu computador velho e comecei a escrever uns poemas, meu trabalho ia mal, mal demais. Desisti dos poemas, tem dias que esta merda não funciona! Fui jogar paciência, finalmente algo me interessou naquela noite.
        O jogo ia bem, as cartas eram mais parceiras que as palavras naquela noite. Resolvi mudar de ideia, pensei em uma cena que não deu em nada e nem haveria como dar. Sendo assim minha mente começou a ficar cansada e resolvi voltar aos poemas. Meu livro precisava ficar pronto.
        Fiz um poema horroroso, senti vergonha da minha história, mandei para meu editor assim mesmo. Dane-se o mundo! Foda-se o meu editor!
        Enviei o poema para o email do meu editor. Levantei-me e fui até a janela. Olhei para os carros que passavam lá embaixo, olhei para o chão distante de mim. Fiquei triste de novo. Até a morte estava distante de mim naquela noite.
         Não saí mais de casa durante 25 dias, não vi ninguém, não fiz minha barba e nem tomei banho, parecia um mendigo. Como é bom conseguir parecer aquilo que se é!
         No vigésimo sexto dia, meu editor aparece na minha casa.
         - Cara, seu último poema é genial!
         - Não! É lixo!
         - Não seja modesto cara, você um gênio, agora vá tomar um banho, se barbear e parecer gente. Precisamos assinar o contrato para publicar o seu livro.
         - Me dá o contrato, não preciso de banho para assinar o meu nome.
         - Cara, você está estranho...
         - Foda-se!
         Meu editor ficou chateado com a minha reação, pegou um papel e assinei sem ler.
         Ele foi embora sem falar nada, sentei-me de novo e fiquei esperando por algo que eu não sabia o que era!

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