Vinte anos de teatro e alucinação. Até que um dia vendeu tudo e regressou a seu rio de infância e às árvores de sua aldeia natal.
Foi
 vencido, o artista, pelo cansaço e pelo horror de ser tantos reis 
assassinados e tantos amantes que agonizam. Finalmente liberto das 
ilusões mitológicas e vozes latinas de seus textos, era preciso agora 
ser alguém, antes ou depois de morrer, não se sabe. Postou-se diante de 
deus e disse: “eu, que tantos homens fui em vão, quero ser alguém, quero
 ser eu! E a voz solene de deus lhe respondeu: “nem eu mesmo sou eu. 
Sonhei um mundo como tu, shakespeare, sonhaste em tua obra. E entre as 
formas de meu sonho estás tu, que como eu, és muitos... E ninguém! 
Sobre o autor: Jorge Luis Borges nasceu em uma família de classe 
média com boa educação. Foi um ávido leitor de enciclopédias. Sua obra 
se destaca por abordar temáticas como filosofia (e seus desdobramentos 
matemáticos), metafísica, mitologia e teologia, em narrativas 
fantásticas onde figuram os "delírios do racional", expressos em 
labirintos lógicos e jogos de espelhos.
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