Autor: Manuel Bandeira
O que eu adoro em ti 
Não é sua beleza 
A beleza é em nós que existe 
A beleza é um conceito 
E a beleza é triste 
Não é triste em si 
Mas pelo que há nela 
De fragilidade e incerteza 
O que eu adoro em ti 
Não é a tua inteligência 
Mas é o espírito sutil 
Tão ágil e tão luminoso 
Ave solta no céu matinal da montanha 
Nem é tua ciência 
Do coração dos homens e das coisas 
O que eu adoro em ti 
Não é a tua graça musical 
Sucessiva e renovada como teu próprio pensamento
Graça que perturba e que satisfaz 
O que eu adoro em tua natureza 
Não é o profundo instinto maternal 
Em teu flanco aberto como uma ferida 
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza 
O que adoro em ti lastima-me e consola-me 
O que eu adoro em ti é a vida!
Sobre o autor:
Manuel Bandeira (1886-1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
Nascido no estado de Pernambuco, ele fez parte da geração de 22 da 
literatura moderna brasileira, sendo seu poema “Os Sapos” o abre-alas da
 Semana de Arte Moderna de 1922.
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