terça-feira, 30 de julho de 2013

Seja menos homem! Vai te fazer bem

       Historicamente falando, criou-se o mito do homem, da masculinidade, da virilidade, delimitando aquilo que é a masculinidade masculina (sim, isto é um puta pleonasmo). Com isto deixamos o feminino à margem daquilo que somos. Por fim, criamos a ideia de uma mulher que é o nosso oposto. Se o masculino é objetivo e direto, o feminino é sentimental e dá rodeios.
        Porém, não nos tocamos que o feminino é mais interessante que o masculino, mais rico, profundo e lindo. Não aprendemos que elas são muito melhores do que a gente, são mais criativas, se constroem todos os dias, superam todo tipo de moléstia e, além do mais, sabem enfrentar dores enormes mensalmente e dão a luz sob uma pressão monstruosa.
        Dada a minha enorme admiração pelas nossas Evas queridas comecei a me aproximar de mais mulheres, com o intuito de aprender mais sobre o universo feminino. Tornei-me amigo de várias e acabei por iniciar um namoro com uma feminista arretada, daquelas estilo Dona Beauvoir.
        Me pareceu que fiz bem, tornei-me mais sensível, comecei a me vestir melhor, até de unhas e maquiagem estou começando a entender, passei a querer ter os meus acessórios, sim, passei a usar pulseiras cordões e anéis, vi que o rosa possui várias tonalidades e que os gays também são uma excelente companhia, aliás, como é belo um casal lésbico...
        Tudo ia bem até o dia em que minha amada namorada feminista me chamou de bicha! Sim, ela me chamou de bicha! Como ela foi cruel!
        Fiquei com raiva, o ogro que jazia adormecido voltou à tona, meus modos machistas de outrora ganharam de novo terreno em minha vida e quis mudar meu jeito.
        Eu que já estava começando a ver a beleza que um homem pode ter, comecei a voltar a ser o velho machista de sempre, até que me toquei e vi, minha namorada estava me elogiando.
        O que a conquistou foi a minha capacidade de olhar para dentro da alma dela, como nenhum outro homem havia olhado, foi o fato de ser diferente de verdade dos outros homens, dos quais, ela havia convivido, foi a história de me transformar, assim como se transforma toda mulher, em cada fase da vida.
        Ela me queria menos homem e mais Ser. Afinal o masculino e o feminino não passam de construções, mas o ser é aquilo que permanece, entendi que não há uma essência masculina ou essência feminina e sim uma existência, existência esta que precede a qualquer essência que queiram nos auscultar e impor.
        Minha Beavouir me ensinou que ela sofre por causa de homens e mulheres machistas e que precisamos voltar à origem e nos reconstruir enquanto seres humanos. Quem sabe me torno um Sartre para esta Simone?
        Portanto aqui vai meu conselho, SEJA MENOS HOMEM e se quiser me chamar de gay por causa disto, chame. Isto não mais me ofende, mas me é motivo de orgulho!

       

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