sexta-feira, 26 de julho de 2013

Brincando com a morte - Um lugar para Saramago e Bukowski

     Brincar com a morte é uma atividade para gênios,pelo menos quando o indivíduo o faz de modo artístico, não falo das irresponsabilidades cometidas diariamente por indivíduos de fraco poder cognitivo.
     Em As Intermitências da morte, o gênio José Saramago trata a morte como um ser passional, que apesar de seu quase infinito poder, possui crises existenciais e, até mesmo, morais e enfrenta uma humanidade pouco preparada para encontrar-se consigo.
     Saramago inicia sua história abordando os problemas sociais decorrentes de uma decisão da morte. Sim a morte é uma pessoa, embora deva neste caso ser tratada como morte e não Morte, visto que a mesma pede isto durante a história. Fica clara a função social da morte em uma sociedade que ainda não aprendeu a lidar com os limites da vida e a ser solidária com as mazelas alheias.
     Posterior a este brilhante relato, há o momento de dilema "profissional" da morte ante a uma situação, a qual, não descreverei para não atrapalhar a leitura do sensacional romance do gênio português. Os desdobramentos impressionam e a morte torna-se uma boa amiga e alguém à qual tem-se vontade de se encontrar, abraçar e acariciar, pois a mesma precisa de ser entendida e amada, tal qual uma mulher que se encontre em situação limítrofe de vida.
     Já o gênio da subliteratura Charles Bukowski tem um encontro sui generis com a morte em sua novela PULP, onde a mesma se apresenta a ele como uma cliente e lhe dá uma missão sem o menor sentido. A missão é aceita sobriamente pelo alter ego do velho Buck que enfrenta bravamente os problemas relacionado à missão e obedece a cada ordem da Dona Morte.
     Ambos tratam da morte com humor, mas também com o respeito que a mesma merece, pois se há alguém que, invariavelmente encontraremos é a Dona Morte, seja sob a forma cadavérica, seja como um belo anjo, seja como a gorda vista por Proust, seja como uma bela mulher, seja como um imenso silêncio. Preparemo-nos portanto em vida, seja lá o que isto quer dizer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário