sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Crime choca KafkaCity

     Nesta sexta-feira, 11/09/2015, KafkaCity se assombrou com o crime cometido nos arredores da Rua do Processo, lá uma mulher mata outra à base de colheradas, pasme caro leitor, colheres de diversos tamanhos foram usadas como armas de tão atroz assassinato.
      A senhora Júlia Andrade Freitas Albuquerque de Santos Costa e Silva protagonizou tal desastre em desventura da senhorita Adriana Magalhães Brito Joaquina Borges de Santana. Ambas discutiam de forma calorosa acerta da melhor maneira de se pronunciar o nome de um dos mais tradicionais tubérculos da cozinha brasileira, a famosa mandioca ou como preferem outros aipim ou ainda macaxeira, não importando a forma que, a qual, o caro leitor tratará referido alimento, ressaltando que foi este o móvel de tamanha desgraça.
       Tudo começou na feira do corvo, onde as distintas damas se viram pela primeira vez, sendo a senhorita Adriana uma distinta feirante, fazia seu trabalho com o esmero costumeiro, enquanto isto, a senhora Júlia fazia suas compras para a casa, tal qual estava habituada. Neste ínterim, Júlia pergunta o preço do aipim, posto que o mesmo não estava identificado de forma devida. Adriana responde que não vende o referido item e que procurasse em outra banca, pois nunca ouvira falar de tal expressão.
        No mesmo instante, Júlia aponta para o aipim identificando-o. Adriana, diz então que a mandioca custa R$ 2,50 o quilo. Júlia não se conforma com a frase proferida por Adriana. Segundo testemunhas a discussão se iniciou neste momento com os dizeres abaixo:
        - Como assim mandioca?
        - Ora pipocas! É o nome do produto!
        - Então agora deram para inventar nomes para as coisas, Deus deu essa tarefa para Adão e não para você sua feirante de quinta.
          - Pois vá a senhora lavar um bom tanque.
          Finda a discussão os presentes viram a superioridade retórica da senhorita Adriana, fazendo troça da senhora Júlia.
          Terminado o dia, Adriana repousava em casa quando é convidada para um encontro de boêmios amigos na Rua do Processo, esquina com a Praça Gregor Samsa.
          Pois veja o leitor, que a morte é uma perseguidora implacável e digo mais obsessiva.
          A senhora Júlia que, quase nunca sai, senão para deveres relacionados a sua atividade de ativa dona de casa, excetuando-se os deveres religiosos, resolve ir a uma festividade que ocorria na Praça Gregor Samsa, onde eram servidos toda a sorte de caldos de legumes para a alegria dos que aproveitam os tempos frios para consumo destas distintas iguarias.
          Após negar-se a comer o mais popular dos caldos da festa, o famoso caldo de mandioca, dado que mesmo lhe trazia lembranças lúgubres de uma manhã altamente mal sucedida e se decepcionar tenazmente com todas as outras opções presentes na festa, resolve então voltar para sua casa, na altura 35 da Rua do Processo.
           Foi neste momento que o destino fez mais uma das suas, fazendo-as se cruzar naquele momento.
           E não tenha dúvida o caro leitor que o mal pode se manifestar em qualquer um, em qualquer instante, pois a vida é absurda. Em um rápida troca de olhares, Júlia vê Adriana e corre para dentro de casa em busca de algo que somente o diabo poderia lhe dar, as armas do crime.
           Diante de si, havia uma série de colheres grandes e pesadas, usadas para cozinhar em panelas bem grandes, duas de madeira, duas de metal. Júlia sem titubear corre na direção de Adriana, que sem acreditar na forma ridícula que estava sendo atacada, põe-se a rir.
          Enquanto ria recebeu dois golpes fortes diretos na face. Até agora os legistas estão tentando entender a mecânica dos golpes e como alguém morre de forma tão ridícula assim apenas por sua retórica superior e uma pequena divergência vernacular.
         A senhora Júlia será julgada e absolvida pois não há justiça em KafkaCity, há apenas o senso de se viver no absurdo.

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