quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O bigode do Fidelix

O bigode de Fidelix é a única coisa interessante nos debates, assim me disse um taxista, com ar profético e dramático. Pensei a respeito e o senhor trabalhador dos transportes está coberto de razão.
Em uma eleição onde nada se diz de tão interessante, ver aquela performance cheia de números, estatísticas e informações desencontradas e ideias infundadas, ver o élan da forma que este distinto senhor defende o que pensa ou o que pensa pensar, mesmo ciente de sua irrelevância política, é no mínimo comovente.
Para que nova política? Perderemos  este festival de mediocridade reconhecida, pois, se o século passado ficou conhecido pela ascenção dos idiotas, neste veremos o declínio dos menos idiotas de forma irrecuperável, tudo ficará cada vez menos importante e interessante.
Levi Fidelix é isso, alguém irrelevantemente irrecuperável e irascível, onde nada faz sentido senão a profunda negritude de seu bigode. Não digo isto por pura pilhéria, sua figura estrionica, de estética estéril e pouca profundidade ideológica me faz ter pelo digníssimo candidato uma inebriante simpatia, embora o mesmo não seja digno de engraxar os sapatos de doutor Enéas Carneiro ele é o cavaleiro das causas impossíveis e improváveis, o patético defensor de valores retrógrados, a caricatura do patriota que julga possuir uma solução para todos os problemas da nação.
Mesmo assim, essa figura estrionica gera em mim uma certa simpatia, ele me lembra aquele tio cheio de idéias e verdades, mas que é um completo alienado diante das coisas em si.
Fidelix é o arquétipo do Dom Quixote político, cercado de Sanchos ele desfila com grande fibra seus planos de governo e suas metas, luta contra moinhos cada vez mais estranhos, luta contra sua própria irrelevância.

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