segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Um dia como mesário

     A todos que defendem arduamente um mundo melhor e carregam um sem número de ideologias de transformação da sociedade por meio da política, aconselho que passem seu dia como mesário na eleição. Pode parecer pilhéria (aprendi esta palavra outro dia e achei um máximo, uso sempre que posso), mas não é. Acompanhar o processo eleitoral é algo efetivamente interessante para um amante da política como eu e me fez ter uma nova percepção das coisas.
      Comecei o dia muito mal, atrasei-me e foi muito, mas meus colegas de seção foram extremamente generosos em me explicar pacientemente o trabalho a ser executado e em não criar problemas com a minha ausência de pontualidade na primeira hora de trabalho.
       Uma vez aprendido o trabalho, passo a executá-lo com um bom humor inesperado e uma simpatia comum, porém constante e de altíssima densidade democrática, ou seja, para com todos, sem distinção de absolutamente nenhum adjetivo e com a habitualidade para com o trabalho, começo a ser mecanicamente simpático, mecanicamente gentil e mecanicamente eficiente.
        Vendo tal proeza comecei então a deixar meu cérebro livre para a observação do processo democrático e vejo uma série de mazelas de nossa eleição, às quais me deixam profundamente cético.
         Primeiramente, os eleitores, em sua extensa maioria, sequer conheciam com profundidade seus próprios candidatos, especialmente, no que se refere (dilmei) ao legislativo. Votam porque viram o papel na rua ou receberam a cola de alguém ali na hora, ou então porque... porque quiseram e ponto.
          Não que eu tenha feito algum inquérito com os eleitores de minha seção, mas bastava manter meus ouvidos ligados nas falas dos eleitores para ficar desapontado com as terríveis e completamente estapafúrdias opiniões dos eleitores, onde se fundamentava toda a estrutura de seus votos.
           Outra coisa me chamou a atenção, vários dos eleitores sequer sabiam, mesmo tendo a maciça propaganda sobre o assunto, a maneira de usar sua urna. Sério, eles não sabiam qual a sequência, nem o que não podiam fazer e muitos sequer sabiam onde seria a sua seção, apesar de tudo estar organizado e informado com clareza. Ou seja, se a pessoa não sabe como votar, definitivamente não saberá porque votar e seu voto dificilmente possuirá a qualidade que necessita.
            Muitos escolheram seus candidatos por medo de perderem algo que pensam ter, outros por uma estranha gratidão, pois se algum candidato cumpriu seu mandato bem, isto não passa de sua obrigação enquanto tal, outros votaram baseados em coisas que ouviram falar, coisas que não possuem a menor conexão com a realidade objetiva e que nem em um delírio dos marqueteiros seria possível falar.
           Por fim, terminamos nosso trabalho enquanto "funcionários da democracia", saí de lá cético quanto ao futuro, acompanhei o resultado da urna de minha seção, achei interessante e fui para casa extremamente pensativo sobre o que é mais importante, uma ideologia ou um bom pragmatismo político?
             Pensei, pensei e por fim vi a apuração, me entristeci, meu candidato não foi para o segundo turno, passou nem perto, foi vergonhosamente derrotado nas urnas e o que me causou espécie foi a paupérrima votação por ele recebida. Perder é do jogo, mas não precisava ser assim.
             Sento, assisto todos os programas sobre as eleições que a tv aberta transmitiu. Assisto a debates na internet e passo o dia seguinte estudando o que houve e me volta aquela pergunta:
             - O que é melhor? Uma ideologia ou um bom pragmatismo político?
             E chego, caro leitor, a uma conclusão. Prefiro tucanar!
       

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