Ouvir a voz dela foi estranho...
Minha vontade de ouvi-la é confusa...
A voz é a mesma, o jeito de falar idem, simples, direta, sem devaneios ou divagações, além do sotaque, extremamente mineiro.
Meus motivos para o contato me incomodam, mas nada tira da minha mente de que preciso rever coisas do meu passado com ela. Coisas que envergonham, coisas que não deveriam ter sido feitas.
Ouvir de novo a voz dela me deixou confuso e ao mesmo tempo temeroso. Será que ainda a amo? Será que o amor morre ou será que ele apenas muda de feição?
Pensando bem, não há o que temer, ao mesmo tempo há motivos de pânico... Por que tanta dialética sentimental, tanto contorcionismo mental? Com tantas perguntas, outras acabam por surgir... Existe o amor romântico, eterno e imutável?
Ela foi tão afável do outro lado da linha... já conheço essa simpatia de outros carnavais... tenho medo, mas agora não há como retroceder. Não posso desistir, estou a ponto de rever aquilo ao qual mais me envergonho na vida.
Sim, sinto vergonha e culpa por algo que fiz.
A culpa é uma forma de controle, mas também é um excelente álibi para nossas melancolias. Preciso me livras desta.
Erramos as vezes por nossos feitos, outras vezes por nossos não feitos. As razões são diversas, mas nenhuma razão justifica certos feitos.
Voltando para a voz dela... tão simpática... afetuosa me fez mais mal ainda. Porém, escrever este texto, digno de uma gaveta vergonhosa, é o meu exorcismo, uma carta para a minha solidão, uma mensagem para alguém bem perto.
Estou melhor agora, continuarei a ler Camus!
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