Sempre
pensei que o nosso amado e velho Chico tem íntima relação com o santo que lhe
empresta o nome. Será que existe transtorno de bipolaridade para o nosso amado
rio? Pensei, será que algum de seus muitos afluentes lhe exercem uma negativa
influência? Será que a poluição tem feito dele um rio melancólico? Será que as
transposições tem lhe feito mal? Será que ser tão grande e tão imensamente
caudaloso e ver tanta miséria às suas margens? Será que cidades inteiras de
costas para ele tem lhe feito sentir-se só? Penso que tudo isto tem-lhe afetado
as emoções. Se isto for verdade quem lhe poderá curar a sanidade?
Talvez
o Amazonas ou Nilo, mas por serem grandes demais podem fazer o nosso Chico se
sentir menor do que é, transformando biporalidade em complexo de inferioridade.
Quem sabe o Rio Doce, esse está mais próximo e sofre de algumas das mazelas de
nosso rio, mas doçura em excesso pode deixa-lo meigo demais e ele precisa de
sua força para continuar sendo quem é.
Pensei no Ganges, mas a cultura
hindu é tão diferente... Adoro quando culturas se mesclam, mas um doente
precisa de mais do que isto. Precisa se encontrar se encontrar, se descobrir,
sair de si e não deixar de ser o que é.
Talvez a solução esteja mais
próxima do que parece. São Francisco poderia se consultar com o Rio das Velhas.
Sim, com elas!
Elas já passaram por cada uma, já
enfrentaram tanta coisa que seria maravilhoso se nosso rio tomasse alguns
conselhos com estas distintas senhoras.
Elas vão abraçar nosso santo e,
enquanto uma velha frita bolinhos de chuva,outra faria um café bem gostoso,
outra o deitaria sob o colo, lhe apertaria os cravos no rosto e faria cafuné,
enquanto isto, outra velha lhe teceria, carinhosamente, uma túnica nova, outra
limparia o seu cajado e a mais velha de todas seria responsável, por puxar uma
prosa despretensiosa e iria, aos poucos, fazendo o Santo desabafar.
Ele falaria sobre as suas dores,
dilemas, falaria sobre os dias em que se sentiu só, que lhe faltou fé, dos dias
que faltou coragem, temperança e, principalmente, de suas decepções. As Velhas
mesclariam uma confissão, com uma sessão de terapia, com um dia na casa da
vovó. O Velho Chico se sentiria mais
jovem, vestiria com orgulho a túnica nova, sentir-se-ia mais leve, se fartaria
de bolinhos de chuva, sentiria menos o caminhar e exibiria orgulhos o novo
cajado, sentir-se-ia mais belo, estaria com o rosto limpo.
Não é em vão que elas deságuam, a
todo momento em nosso Santo Rio, elas tem o poder de curar qualquer transtorno
sem Lítio e nem Prozac.
Nenhum comentário:
Postar um comentário