O dia está cinza, uma chuva fresca e insistente cai do céu, ao meu lado, uma simpática alemã desfila seu arsenal linguístico. Sim, ela fala português, muito bem por sinal.
De tudo chego à conclusão de que existem alemãs simpáticas e agradáveis. Esta é uma descoberta que vale o dia.
Seu jeito despojado, se pé calçado por meias brancas e nada mais (poucas coisas são mais excitantes que isto), suas pulseiras de hippie e sua bata indiana, são as maiores quebras de estereótipo de toda a minha vida e a prova cabal da eficiência da globalização.
Ela traz consigo um roteiro de viagem, afinal, ela é alemã. Parece programar os próximos passos de sua imensa aventura. Seu olhar pela janela do ônibus é um misto de espanto e admiração. Tento penetrar em seus pensamentos, mas ela é tão linda que fico desconcertado.
Seu sorriso envergonha, é uma verdadeira afronta! Como pode ter um sorriso assim tão belo e acolhedor? Se eu fosse mulher usaria uma burca ao estar no mesmo ambiente que ela. Se bem que a beleza e a feiura estão mais ligados à uma metafísica ontológica de que a uma questão estética. Posto isto, a beleza dela é uma fenomenologia metafísica epistemológica, construída historicamente e amplificada pela estética que lhe é favorável, ou seja, uma beleza no tempo, um Dasein narcísico. Pronto, uma alemã pode inspirar profundos entendimentos filosóficos das coisas.
Traduzindo, sentei-me ao lado de uma deusa, da qual desconheço ritos, cultos e rezas.
Pensando melhor, acho que tive sorte!
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