Aguinaldo morava à beira do Rio São Francisco, porém o São
Francisco que lá chegava era um filete de água barrenta oriundo de algum
afluente quase morto.
Faltava
tudo para Aguinaldo, menos desejo de uma vida melhor, seus sonhos eram simples
como seus hábitos e sua vontade de trabalhar maior que toda a extensão do Velho
Chico.
De
tanto procurar e insistir lhe aparece uma chance. Ir para Minas Gerais e fazer
um trabalho braçal, o salário era baixo, porém era uma fortuna em relação ao
que ele ganhava e sua carteira de trabalho, finalmente, seria assinada por
alguém. Sem pestanejar, Aguinaldo aceita a oferta e vai para a pequena
Itabirito deixando para trás esposa, quatro filhos, sua terra e um pedaço de
sua alma.
Chegando
na nova terra, após uma infernal viagem, ele conhece o seu local de trabalho e
no dia seguinte já inicia uma cansativa e dolorosa jornada de trabalho. Mas,
ele não reclama, pois no alojamento em que ficara havia algo ao qual nunca havia
presenciado em sua vida, havia água na torneira saindo torrencialmente, teve
ele a chance de ter a sensação de usar um banheiro e tomar um banho quente.
Aguinaldo
não voltará mais para sua terra, por ela chorará todos os dias, tornar-se-á um
fadista nordestino, assim que possível trará esposa e filhos, colocá-los-á
em um colégio e dará cada gota de seu
suor para conquistar esta nova terra, pois o São Francisco que passa por aqui é
muito maior do que o que passava lá.
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