Ouvi o barulho da chuva cair. Caía intenso como um fado bem cantado, meus olhos ainda cerrados, meu corpo desnudo e uma perna descoberta, me fizeram sentir o ar frio da chuva e o prazer em dormir sob tão bela sinfonia.
Resolvo virar meu corpo para a esquerda e abro os olhos, tenho a mais bela visão que poderia ter. Ela ainda dorme! O som da chuva é para ela uma canção de ninar, para mim é uma bachiana regida por São Pedro.
Não me levanto, olho para nossa janela e vejo as fortes gotas de chuva que a atingem sem piedade, olho de novo para o rosto dela, beijo calidamente seu rosto e vou lhe abraçando aos poucos que, mesmo dormindo, o corpo dela, de extrema maleabilidade, vai se unindo ao meu. Tornamos-nos um! O som da chuva é a única testemunha desta união.
Meus olhos permanecem fixos em minha musa adormecida que me paralisou, me fez uma estátua, tal como a Medusa, apenas abrindo os olhos. Fico estático, ela me abraça forte e me dá o melhor bom dia do mundo.
Enquanto isto, a chuva cai!
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