Não sou um cara com uma vida muito emocionante, nem sou um homem de grandes ideias e humor refinado. Vivo dos meus simplórios suspiros, escrevo sobre os intervalos de um suspiro.
Penso que para escrever crônicas necessário se faz um olhar simples sobre a vida!
Sim, a simplicidade do olhar é segredo para escrever crônicas, mas não é qualquer simplicidade, mas sim a simplicidade lírica de um olhar poético sobre uma gota de orvalho a cair, a simplicidade trágica do homem que se joga na frente de um monza ano 82 por ter perdido a mulher que ama, a simplicidade ilógica da mente da mulher que decide não amar mais o fulano de tal e, principalmente, a simplicidade romântica daquele que tem sua vida mudada ao receber um beijo molhado no rosto.
Para escrever crônicas é necessário ternura, mas não é qualquer ternura e sim a ternura jornalística de quem sabe descrever a exatidão do pulsar do coração daquele que se apaixona, a ternura quase materna daquele que explica as razões as quais levaram a mulher a acolher seu marido bêbado e recostá-lo em seu peito, de uma ternura futebolística que cria um jogo tão sensacional, mas tão sensacional, que jamais poderá ocorrer.
Enfim, as crônicas exigem simplicidade e ternura, ou seja, não servem para nada! Apenas contam algo que não interessa, ou, se interessa, nunca dirão exatamente o que o cronista queria dizer, porque escrever crônicas é fotografar um instante no tempo e no espaço.
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