Estar longe de quem se ama já é uma tarefa inglória, por mais que se ocupe a mente, faça outras coisas, estude direito civil, leia um livro existencialista, o apaixonado sempre sentirá que sua vida está profundamente incompleta.
A noite é extremamente fria, apesar do calor extenuante, o amanhecer será sempre terrível, ainda que tudo pareça estar em ordem, mas não está.
Desesperados de solidão podemos recorrer às diversas maneiras de nos comunicarmos com a amada. O telefone é sempre a melhor escolha, pois apesar do Skype e das webcans, nada substitui o arrebatamento de sentidos produzido pela voz da mulher de sua vida.
Porém o que era para ser um lenitivo para a dor acaba por se tornar um inferno graças às companhias telefônicas.
Sim, elas mesmo. Aquelas que tem por trabalho diminuir as distâncias ao pagamento de bagatelas astronômicas, nem sempre cumprem devidamente o seu papel, apesar de seus belos comerciais de TV e seus planos tão econômicos quanto comer em um restaurante francês todos os almoços.
Existe coisa mais irritante do que uma conversa partida?
Existe algo pior do que ouvir o sumiço da voz de sua amada por razões desconhecidas?
Existe algo pior do que deixar de ouvir um "EU TE AMO" sussurrado ao pé do ouvido, por uma falha de sinal?
Se tem algo de bom que o governo deveria fazer seria proibir as empresas de telecomunicações de nos enganar.
Avisem logo, "seja breve por que eu não garanto vai dar para vocês conversarem tudo o que precisam", informem para os apaixonados que o amor não pode ser suprido a distância, de que a dor causada pela geografia não pode ser curada por bom plano de celular e um Iphone. AVISEM
Pior do que as palavras partidas, são os silêncios não consensuais. Porém estes não passam de um primeiro sinal do fim, de um apocalipse do relacionamento, do preparo escatológico para a despedida.
Descobre-se que se ama alguém, quando o silêncio não constrange, as palavras bastam e a ausência dói mais que qualquer dor.
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