segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Imitando o velho Buk


De Pablo Sathler

Joe, Martin e Maggie me chamaram para uma cerveja. O dia estava chuvoso e eu meio desanimado para sair de casa. Porém precisa molhar a “palavra”. Fazia muitos dias que estava trabalhando naquela coisa de entregas. Combinamos de ir ao Moll’s, como sempre. Onde os perdedores se encontravam para afogar suas mágoas. Porém era o melhor bar da cidade. Havia cerveja barata, e Moll, dono do bar, fazia uma porção de fritas que era de arrasar. Peguei meu velho Austin 67 e encontrei todos às 23hs. Horário onde as putas e os trabalhadores da indústria resolviam dar uma volta. Chegando no bar, dei sinal para Moll, que iríamos sentar na calçada, pois ainda assim estava muito calor, mesmo depois da chuva. Moll achou um pouco estanho, pois sempre sentávamos no balcão, bem próximo as garrafas de uísque. Peguei as mesinhas singelas do bar, e juntei três, pois ainda estava por vir John, Susie e Charles. Eram apenas dois casais e os solteirões de sempre, Eu, Joe e Charles. Que trio nós éramos! Sempre dizendo que essa coisa de namorar ou ter uma única mulher era para os perdedores, que não confiavam no que tinham entre as pernas. Após discutirmos que existem pessoas no mundo que não sabem aproveitar a vida, que se preocupam demais com a saúde, com o corpo, e que no fim das contas todos jogam terra no nosso buraco, decidi ir embora, pois havia bebido demais e não queria estragar meu único bem, meu Austin 67 que herdará de meu velho pai. Paguei minha parte da conta, seis dólares. Foi nesse momento que refleti: Como esse bar é ótimo! Despedi de todos, peguei minhas chaves e entrei no meu velho carro. De repente vejo alguém acenando, não tinha notado que era pra mim. Olhei bem, e vi que era uma mulher. Ela gritou:
_ Hey baby!
_ Olá – meio que sem jeito.
_ Te conheço, certo? – Ela dizia.
Olhei bem para aquele corpo, e disse: _ Não mesmo!
_ Você está indo pra lá?  - Apontando a direção oposta de onde eu ir.
_ Não, não, mas posso te levar lá. – Não podia perder aquela oportunidade.
Fui levando a mulher, para longe da cidade, perguntei seu nome, era Judy. Mais do que depressa, elogiei seu nome. Ela me apontou onde devia estacionar o carro e me disse:
_ Que tal pararmos ali e...
_ Claro que sim!
Porém me lembrei que não trazia nenhum plástico comigo. E lhe contei a situação. Percebi que não havia nenhum problema pra ela. Foi quando ela me disse:
_ Eu te chupo então!
_ Claro!
_ Tem dez dólares ai? – Me questionou.
_ Não, infelizmente não, Deixei todo o meu dinheiro no bar. Gastei tudo.
_ Me espera ali que vou buscar uma coisa, e não quero te envolver nisso.
_ Não espera! Vou lá com você.
_ Não! Fiquei ai, não quero te envolver com isso.
Fiquei esperando por uns três minutos, que pareciam horas. Liguei o rádio para me distrair. Eram os Stones que estavam a tocar. Contando os minutos, vejo uma viatura passar lentamente na rua a minha frente. Foi ai que fiquei com o cu na mão. Notei que o efeito do álcool já estava passando. E percebi na roubada que estava entrando. Mas queria uma chupada, queria mesmo! Só não queria lhe dar dez dólares. Dei uma volta de carro, e parei no mesmo lugar, esperando por Judy. O beco que ela havia entrado era bem escuro, mas notei alguém saindo do beco, era ela. Arranquei o carro, e parei do lado dela, que estava meio triste.
_ O que foi? – Perguntei.
_ Sem grana não da!
_ Putz, que merda heim.
_ Pois é fazer o que.
Ainda não desistindo da proposta anterior de Judy, perguntei:
_ Onde você mora?
_ Por quê?  - Ela me retrucou.
_ Te levo em casa.
_ Não, não.
_ Uai, porque?
_ To meio nervosa ainda, vou voltar pro Moll’s e tomar mais algumas.
_ Mas é o nosso combinado?
_ Você ta com pressa? – Insistia em me responder com outra pergunta.
_ Infelizmente estou.
_ Então está bem, para o carro ali pra eu poder descer.
_ Mas...
_ Olha, eu fui sincera com você.
_ Tá bem então.
Cheguei em casa perto da meia-noite. Coloquei meu velho calção de dormir. E me lembrei que havia dado dois beijos em Judy. Corri para meu armarinho e peguei um vidro de álcool que guardava, para diminuir um pouco a ação dos pernilongos. Fui ao banheiro, coloquei cuidadosamente o álcool em sua tampinha de plástico, e molhei meus lábios com aquilo. A sensação era bem desagradável, mas era necessário fazer aquilo. Após untar bem os lábios, coloquei outra dose de álcool e fiz como no bar, virei de uma vez só. O gosto do álcool puro era horrível! Dei umas bochechadas com a pequena dose e cuspi no lavabo. Lembrei da cachaça que tinha tomado no Julio’s, outro bar da cidade. Escovei dos dentes umas três vezes. Usei o resto daquela coisa para evitar caries e mais complicações dentárias para terminar de esterilizar minha boca. Fiz o balanço mental da noite. Era bem bom, em relação às outras já vividas. Tomei uma boa dose de uísque e me deitei.

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