sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ela está digitando uma mensagem

Ela está digitando uma mensagem,
um SMS que revela sua alma.
Ela está a digitar letras sem sentido e
incompreensíveis a seu destinatário.
A mensagem fala de si
fala de mim,
fala dele,
fala sobre o infinito.
A mensagem fala de saudade,
fala do céu,
do inferno,
da rara calma do abraço,
da solidão deste lapso de instante.
Esta mensagem irá a seu destinatário
este destinatário sou eu.
Este eu que não sabe ser.
Este ser que não sabe ser eu.

Ela está digitando uma mensagem,
poderia escrever uma carta,
uma crônica,
uma canção,
um poema.
Ela escolheu empobrecer seus sentimentos.
Ela escolheu não dizer nada,
quando suas palavras poderiam dizer tudo,
quando seus mistérios poderiam ser de fato interessantes.

Ela está digitando uma mensagem
e não sabe se quem vai receber a quererá.
Ela está digitando uma mensagem
e a vida perde-se no lapso do envio.
Sua alma é refém de créditos,
do sinal da operadora,
do bom funcionamento do celular alheio,
da capacidade cognitiva de seu leitor.

Ela está digitando uma mensagem
e isto não significa nada!

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