terça-feira, 23 de julho de 2013

Acordar do sonho

Acordar do sonho,
Nem  sempre é uma boa idéia
As vezes somente isso da sentido para viver
Acordar
O sonho somente pode durar uma noite!
O amanhecer é o conflito com a realidade!

Eram 19:00 horas e eu ainda estava dormindo, dormia da soneca que tirava depois de meu almoço, não era um hábito meu, mas naquele dia estranhamente decidi deixar os hábitos de lado e resolvi dormir. Sonhava, sim eu sonhava, sonhava coisas tão estranhas que não as revelo por nada, não que sejam segredos, mas pelo estranho prazer que aquele estranho sonho me causava. Meu irmão entra no quarto por um motivo qualquer e lá se vai o sono. Não que fosse ruim o fato de acordar, mas por que nem sempre o melhor que se faz é acordar. As vezes a vida vivida no sono é mais prazerosa e ao acordar finda o prazer, nem sempre acordar faz bem, principalmente quando se tem uma vida tão entediante e previsível. Não havia solução, teria que me levantar e viver a vida.
De um salto me levantei não que este salto tenha sido um salto tem quem tem disposição e o faz com força e vigor, pois pesando 140 Kg  não é qualquer um que consegue sair da cama. Pensava nela, seu olhar me penetrava, me fazia sentir melhor e pior ao mesmo tempo e toda hora.
Existem pessoas que nasceram apaixonadas. Essas pessoas nem amam tanto a pessoa amada, mas amam a paixão. O ato de se apaixonar, as sensações que a paixão provoca o arrepio na espinha após o beijo e o toque, o sabor eterno dos lábios da amante, os versos bregas compostos, as declarações exageradas de amor, os elogios infindáveis a amada, o abraço que parece um pedaço do eterno, a dança dos corpos que sem música fazem valer todo o sentido da vida, os infinitos momentos da saudade e a alegria do reencontro. Tudo isso parece ser um universo particular para quem ama, não importa o amado importa é o amor. Existem pessoas que sabem apenas amar o amor e como amam esse amor. Amam como se tudo se reduzisse àquele momento. Esse amor é uma chama eterna enquanto dura e quando se apaga deixa o maior vazio da existência, esse vazio é tão grande, tão infinito que muitos adoecem e morrem de amor. Amar demais é um problema pior que não amar. Quando não se ama vive-se o vazio da vida e o indivíduo sabe que esse vazio é a falta de um amor. Mas quando se ama demais, o vazio da vida se enche, mas se enche de uma bolha, uma bolha que quanto mais cresce, mais bela fica. Porém bolhas explodem e quando explodem se transformam em nada. Nada e mais nada. O vazio é enorme, pois a beleza perde o belo, o colorido perde a cor, a música perde o som e a poesia perde os versos. A vida fica concatenada numa teia de dores que somente se encerram encontrando um novo amor. Amor esse que tem que ser maior que o anterior, tal qual o viciado que a cada vez que se aprofunda em seu vício, precisa de mais e mais e nunca se tem por satisfeito. Amar de mais é um problema, principalmente quando apenas o apaixonado ama e esse não é amado. Estranho isto!
         Por que será que justo eu tinha que padecer deste mal. Busco um CD, mas desisto, quando estou assim sempre ouço musicas românticas em inglês, não falo inglês, portanto o que eu sinto ao ouvir a canção é o que me basta para entender seu significado. Pensei num filme, mas escolheria de novo ver Closer - Perto Demais, então desisti, me sentei ante a TV e deixei aquilo me hipnotizar alguns minutos.
A TV me deixa num estado de tédio maior ainda, penso em sair de casa, arejar a cabeça, vou ao banheiro e me olho no espelho, vejo alguém com a barba por fazer, cabelo grande precisando ser aparado, uma horrível olheira e ninguém ao meu lado para dizer que me amava mesmo assim. Sinto saudades dela.
       A poucas semanas atrás não a conhecia e hoje não sei como vivi até agora sem ela e o pior é que não sei se conseguirei sem ela.
      Parece bobagem, caro leitor. Parece conversa de adolescente, e com minha idade deveria parar com isto. Mas a vida me provoca, meu coração me provoca e me prega peças as quais eu sempre caio. Então entro em devaneios, o coração acelera e somente se acalma quando me ponho a escrever poemas. Só que ultimamente está tudo muito estranho, não consigo fazer nenhum poema. Desde que a vi somente consegui ajudar a compor a letra de uma música para a banda de um amigo meu. E o pior estou a escrever este relato, por não conseguir mais conter em mim o que há em mim.
      Caro leitor, você deve querer saber quem é esta tal pessoa de quem tanto falo, mas te peço paciência, pois estou antes a desabafar minhas emoções, meu sentimento de culpa é tão grande, minha mente vagueia tanto que não sei o que dizer. Minha alma está a construí-la em minha mente. Estou muito emocionado. Isto nunca lhe aconteceu? Não? Sorte sua.
      Sorte sua, pois e azar meu, pois provavelmente você vai fechar o livro e comentar que ele é péssimo, possui um estilo muito estranho e que o autor não tem talento. Pior ainda se você for crítico literário, vai dizer em algum jornal, revista, site ou blog que este livro é péssimo e vai atrapalhar as vendas. Aí, para piorar a situação, o editor vai cobrar do meu agente ou de mim mesmo uma explicação e talvez nunca mais publiques nada meu. Mas que fazer?
     Certa vez, li, não me lembro aonde, que a vida dos escritores é em geral sem graça e para fugir de seus mundos infelizes resolvem escrever para assim se sentir feliz. Quero provar que isso não resolve. Quando se está mal de amor nada pode trazer a vida de volta. Não há poesia, poema, crônica ou conto que devolva a paz, a não ser que eu escreva romances eróticos ou seja o Dan Brown. Esses livros ocupam tanto a cabeça, que devem dar muito trabalho para o escritor e então não há como pensar na realidade.
     Meu livro está parado não consigo dar continuidade ao romance que meu agente pediu, mas que fazer? Sofro de amores! Sofrendo de amores não posso fazer um romance, posso apenas desabafar minhas dores e contar como foi, é e como gostaria que fosse minha história de amor.
     O telefone toca, não quero conversar com ninguém, queria que caísse na secretária eletrônica, (benditas máquinas), mas meu irmão atende, torço para que não seja para mim e era.
      - Seu agente! - Grita meu irmão.
      - Já vou! – Respondo seco.
     Como gostaria de ter terminado meu mestrado e me tornado professor universitário, não sabia que ser escritor poderia ser tão estranho, difícil e frustrante. Passei pela faculdade a procurar palavras, estilos, formas de melhor escrever e veja o que me tornei o autor do “Pior livro do ano”, segundo a Folha Nacional.     Segundo eles, “o livro é chato e sem estilo, ele se baseou no que há de pior na literatura”. E para piorar a situação, vendeu muito pouco, apesar da publicidade que a editora investiu. Enfim atendo o telefone.
     - Você precisa terminar seu novo livro logo Francis. A editora diminuiu o prazo para o próximo mês, pois segundo eles, depois desse fiasco que foi seu livro precisamos lançar algo bom logo, pois as perdas com seu último livro foram imensas, você precisa se recuperar se não a editora não vai publicar mais nada seu! – Disse ofegante e num tom ameaçador.
     - Gregório eu estou cansado dessa cobrança! Não se faz um bom livro como se faz uma carta ou um relatório de vendas. – Respondi de pronto para não parecer acuado, embora estivesse.
    - Francis, você teve muito tempo para escrever seu último livro e olha o que está escrito no Global! – Disse como se fosse uma metralhadora – “Francis Solto escreveu um livro obtuso e sem o menor sentido e com estilo pobre. Foi uma péssima estréia para quem a Editora W&U dizia ser a revelação da literatura brasileira”
    - Este livro pode até não ter ficado bom, mas não posso me guiar pelas palavras dos críticos. Quando publiquei meu primeiro livro o “Almas de Aço”, fui um fracasso nas vendas mas os críticos gostaram!
   - Gostaram porque você publicou por uma editora pequena e seu livro foi uma surpresa naquele momento, ninguém esperava nada de você. Fato agora é que você publica pela W&U e precisa terminar logo.
   Gregório desligou o telefone na minha cara e fiquei a olhar para aquele aparelho desanimado, que me restava fazer?
    Portanto caro leitor, como não consegui continuar o outro livro que eu estava fazendo vou escrever minha história. Torço para que este livro ao menos prenda a sua atenção até o fim. Caso não consiga te peço gentilmente não fale mal dele, pois outro fracasso a minha carreira vai ficar comprometida.
   Segue o romance propriamente dito.

Capítulo 1 
Fui parar em Ouro Preto, numa dessas coisas que a gente faz sem pensar. Vi uma reportagem sobre o barroco mineiro e larguei a correria de São Paulo para passar um fim de semana. Meu irmão é engenheiro e mudou-se para cá quando ele foi fazer faculdade de engenharia geológica. Logo que terminou a faculdade comprou um kitnet e passou a morar sozinho nesta cidade tão acolhedora.
Vim para passar um fim de semana, mas fui obrigado a ficar. Estava sem dinheiro e o aluguel estava vencendo, gastei minhas economias na publicidade de meus livros, como não tive retorno tive que pedir asilo ao meu irmão. 
Ele possui um bom emprego numa mineradora da região e me emprestou algum dinheiro, mas somente pude pagar o aluguel de desocupar meu antigo apartamento. O locatário se cansou de meus atrasos e me mandou tirar minha mudança para que ele pudesse alugar para alguém que “valesse a pena”. Não possuía muito, uma cama, uma mesa de escritório, um pequeno armário, onde ficavam minhas poucas roupas e um laptop meio velho, mas que por uma sorte imensa nunca me desamparou.
Sei que incomodo na casa de meu irmão, mas ele nada diz, sabe que se não puder contar com ele não poderei contar com mais ninguém. Perdemos nossos pais a 7 anos e não tenho muitos amigos, além do mais ele é um dos poucos que ainda acredita em meu talento como escritor.
- Os ares ouropretanos lhe farão bem! – dizia ele com um sorriso no rosto.
- Assim espero Felipe! Assim espero! – dizia eu sempre.
Porém mal sabia que encontraria aqui o meu desgosto com o amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário