quarta-feira, 31 de julho de 2013

Namoro uma poetisa


Versos,
prosas,
rimas,
estruturas,
sonetos,
canções
e tudo aquilo que o valha!
                                               Descobri que namoro uma poetisa
                                               Seus versos são duros,
                                               Porém livres!
Sua métrica é difusa
Porém firme!
                Seus sentimentos de jovem moça
                São versos de mulher madura
                               Uma Florbela Espanca versando em português
Uma Clarice em versos sem medo
                Uma Adélia que ainda não acredita em seu verso!
Descobri que namoro uma poetisa

Sou o mais feliz dos homens!

terça-feira, 30 de julho de 2013

Por favor não se depile tanto

     Vivemos tempos de excessos e isto se aplica à higiene íntima. A cada dia as mulheres tem buscado uma "perfeição" inalcançável e dentro desta política corporal está o cultivo de hábitos que sequer fazem bem ao corpo e tampouco são esteticamente belos.
      Vendo as musas do cinema brasileiro de antigamente vejo o quanto as mulheres de hoje estão perdendo tempo e criando para si problemas inexistentes. Afinal, qual o problema de uma vagina mais peludinha? Não me venha com este papo de higiene e de saúde, é balela.
     Qual o problema em ter umas estrias aqui e ali, uma ruga acolá, uma gordurinha estrategicamente localizada ou de ser magrelinha. Tudo isto te torna real e eu gosto de mulheres reais e não estas panicats produzidas em série nas academias, à base de uma alimentação questionável e de suplementos alimentares contraindicados.
       O pior é que este comportamento feminino gera no homem a sensação de que ainda domina, e faz com que toda e qualquer economia do corpo seja voltada para satisfação de suas taras e desejos profanos.
        Há necessidade de que as mulheres se olhem no espelho e vejam que são bem mais do que aquilo que estão vendo, que um homem pode amá-la e admirá-la por tantas coisas que transcendem aos austeros sacrifícios do "corpo perfeito".
        Mulheres, por favor, não se depilem tanto. Não queiram ser tão limpinhas e perfeitinhas. Sejam o que quiserem! Afinal, quem decide no fim sempre é a mulher, tanto para a liberdade, quanto para a escravidão!
        Viva Claudia Ohana!

Seja menos homem! Vai te fazer bem

       Historicamente falando, criou-se o mito do homem, da masculinidade, da virilidade, delimitando aquilo que é a masculinidade masculina (sim, isto é um puta pleonasmo). Com isto deixamos o feminino à margem daquilo que somos. Por fim, criamos a ideia de uma mulher que é o nosso oposto. Se o masculino é objetivo e direto, o feminino é sentimental e dá rodeios.
        Porém, não nos tocamos que o feminino é mais interessante que o masculino, mais rico, profundo e lindo. Não aprendemos que elas são muito melhores do que a gente, são mais criativas, se constroem todos os dias, superam todo tipo de moléstia e, além do mais, sabem enfrentar dores enormes mensalmente e dão a luz sob uma pressão monstruosa.
        Dada a minha enorme admiração pelas nossas Evas queridas comecei a me aproximar de mais mulheres, com o intuito de aprender mais sobre o universo feminino. Tornei-me amigo de várias e acabei por iniciar um namoro com uma feminista arretada, daquelas estilo Dona Beauvoir.
        Me pareceu que fiz bem, tornei-me mais sensível, comecei a me vestir melhor, até de unhas e maquiagem estou começando a entender, passei a querer ter os meus acessórios, sim, passei a usar pulseiras cordões e anéis, vi que o rosa possui várias tonalidades e que os gays também são uma excelente companhia, aliás, como é belo um casal lésbico...
        Tudo ia bem até o dia em que minha amada namorada feminista me chamou de bicha! Sim, ela me chamou de bicha! Como ela foi cruel!
        Fiquei com raiva, o ogro que jazia adormecido voltou à tona, meus modos machistas de outrora ganharam de novo terreno em minha vida e quis mudar meu jeito.
        Eu que já estava começando a ver a beleza que um homem pode ter, comecei a voltar a ser o velho machista de sempre, até que me toquei e vi, minha namorada estava me elogiando.
        O que a conquistou foi a minha capacidade de olhar para dentro da alma dela, como nenhum outro homem havia olhado, foi o fato de ser diferente de verdade dos outros homens, dos quais, ela havia convivido, foi a história de me transformar, assim como se transforma toda mulher, em cada fase da vida.
        Ela me queria menos homem e mais Ser. Afinal o masculino e o feminino não passam de construções, mas o ser é aquilo que permanece, entendi que não há uma essência masculina ou essência feminina e sim uma existência, existência esta que precede a qualquer essência que queiram nos auscultar e impor.
        Minha Beavouir me ensinou que ela sofre por causa de homens e mulheres machistas e que precisamos voltar à origem e nos reconstruir enquanto seres humanos. Quem sabe me torno um Sartre para esta Simone?
        Portanto aqui vai meu conselho, SEJA MENOS HOMEM e se quiser me chamar de gay por causa disto, chame. Isto não mais me ofende, mas me é motivo de orgulho!

       

Ostentar o quê? - Uma etiqueta desfavorável

   Vendo o programa A Liga, no qual eles tiveram como tema o funk ostentação, fiquei a refletir sobre as razões que levaram o mesmo a ser um sucesso de público e o que tem feito as pessoas se sujeitarem a ouvir estas músicas que não são lá nenhuma bachiana acompanhada de uma bela poesia.
    Afinal, as mulheres, meninas em sua maioria, são tratadas tal qual objetos de usufruto mediante ao fetiche provocado pelo "patrão", homem este que ostenta ouro, belos carros, bebidas caras e uma vida de completa loucura. Não é muito diferente dos roqueiros de antigamente, alguns eram (outros ainda são) extremamente bizarros e tratam as mulheres da mesma forma, senão pior, pois acrescentam o elemento violência.
    O cerne da questão está no fetiche provocado pelo ouro e, principalmente, pela marca. Não importa o produto em questão, suas utilidades, características e atributos individuais, mas sim a marca, a qual o produto encarna em sua fronte. Este fenômeno tem sido visto e criticado por muitos intelectuais e estudantes de classe média, mas o que não se vê é que ele reflete aquilo que efetivamente somos enquanto sociedade.
   Qual a diferença do funkeiro de ostentação para a mulher rica (aquela do reality show da Band)?
    Existem diversas, vamos enumerar.
    Primeiramente, o funkeiro descobriu nesta manifestação artística uma forma de fugir de uma realidade da qual não lhe é favorável, ou seja, escolheu a arte às drogas ou à criminalidade. Sim, ele escolheu a arte, ainda que seja esteticamente de gosto questionável, é tão legítima quanto uma música da Marisa Monte.
    Em segundo lugar, estes artistas ainda sofrem um enorme preconceito perante a classe média esnobe do país. Todos que tiveram a sorte de ler Dostoievski e Virginia Woolf ainda na juventude, de todos que já puderam assistir a um concerto de música clássica, de todos que sempre gozaram da possibilidade de acesso à cultura de alto nível.
    Porém, apesar destas inúmeras oportunidades, não as aproveitam como poderiam e nada produzem ao contrário dos referidos artistas do funk, que apesar de seu linguajar deficiente quanto a norma culta da língua e suas noções rudimentares de harmonia e ritmo, produzem uma arte que manifesta seus desejos e suas pretensões enquanto seres humanos.
     O grande problema ao fim de tudo é que somos uma sociedade que idolatra o consumo, que faz disto um modus vivendi, que valoriza o ter em detrimento do ser e o funk ostentação é apenas mais uma das muitas manifestações dessa devastada sociedade do espetáculo.
      Estou certo de que se Adorno estivesse vivo estudaria o funk ostentação e entenderia sua estética. Estou certo que este modo de fazer arte é um retrato fidedigno de uma geração perdida, mais perdida que o "Eu etiqueta" de Drummond.
EU ETIQUETA
(Carlos Drummond de Andrade)

Em minha calça está grudado um nome 
Que não é meu de batismo ou de cartório 
Um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
Que jamais pus na boca, nessa vida, 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
Que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produtos 
Que nunca experimentei 
Mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
De alguma coisa não provada 
Por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
Minha gravata e cinto e escova e pente, 
Meu copo, minha xícara, 
Minha toalha de banho e sabonete, 
Meu isso, meu aquilo. 
Desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
São mensagens, 
Letras falantes, 
Gritos visuais, 
Ordens de uso, abuso, reincidências. 
Costume, hábito, permência, 
Indispensabilidade, 
E fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
Escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
Seja negar minha identidade, 
Trocá-la por mil, açambarcando 
Todas as marcas registradas, 
Todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
Eu que antes era e me sabia 
Tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
Ser pensante sentinte e solitário 
Com outros seres diversos e conscientes 
De sua humana, invencível condição. 
Agora sou anúncio 
Ora vulgar ora bizarro. 
Em língua nacional ou em qualquer língua 
(Qualquer principalmente.) 
E nisto me comparo, tiro glória 
De minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
Para anunciar, para vender 
Em bares festas praias pérgulas piscinas, 
E bem à vista exibo esta etiqueta 
Global no corpo que desiste 
De ser veste e sandália de uma essência 
Tão viva, independente, 
Que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
Meu gosto e capacidade de escolher, 
Minhas idiossincrasias tão pessoais, 
Tão minhas que no rosto se espelhavam 
E cada gesto, cada olhar 
Cada vinco da roupa 
Sou gravado de forma universal, 
Saio da estamparia, não de casa, 
Da vitrine me tiram, recolocam, 
Objeto pulsante mas objeto 
Que se oferece como signo dos outros 
Objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
De ser não eu, mas artigo industrial, 
Peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é Coisa. 
Eu sou a Coisa, coisamente.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Brincando com a morte - Um lugar para Saramago e Bukowski

     Brincar com a morte é uma atividade para gênios,pelo menos quando o indivíduo o faz de modo artístico, não falo das irresponsabilidades cometidas diariamente por indivíduos de fraco poder cognitivo.
     Em As Intermitências da morte, o gênio José Saramago trata a morte como um ser passional, que apesar de seu quase infinito poder, possui crises existenciais e, até mesmo, morais e enfrenta uma humanidade pouco preparada para encontrar-se consigo.
     Saramago inicia sua história abordando os problemas sociais decorrentes de uma decisão da morte. Sim a morte é uma pessoa, embora deva neste caso ser tratada como morte e não Morte, visto que a mesma pede isto durante a história. Fica clara a função social da morte em uma sociedade que ainda não aprendeu a lidar com os limites da vida e a ser solidária com as mazelas alheias.
     Posterior a este brilhante relato, há o momento de dilema "profissional" da morte ante a uma situação, a qual, não descreverei para não atrapalhar a leitura do sensacional romance do gênio português. Os desdobramentos impressionam e a morte torna-se uma boa amiga e alguém à qual tem-se vontade de se encontrar, abraçar e acariciar, pois a mesma precisa de ser entendida e amada, tal qual uma mulher que se encontre em situação limítrofe de vida.
     Já o gênio da subliteratura Charles Bukowski tem um encontro sui generis com a morte em sua novela PULP, onde a mesma se apresenta a ele como uma cliente e lhe dá uma missão sem o menor sentido. A missão é aceita sobriamente pelo alter ego do velho Buck que enfrenta bravamente os problemas relacionado à missão e obedece a cada ordem da Dona Morte.
     Ambos tratam da morte com humor, mas também com o respeito que a mesma merece, pois se há alguém que, invariavelmente encontraremos é a Dona Morte, seja sob a forma cadavérica, seja como um belo anjo, seja como a gorda vista por Proust, seja como uma bela mulher, seja como um imenso silêncio. Preparemo-nos portanto em vida, seja lá o que isto quer dizer.

Ela está digitando uma mensagem

Ela está digitando uma mensagem,
um SMS que revela sua alma.
Ela está a digitar letras sem sentido e
incompreensíveis a seu destinatário.
A mensagem fala de si
fala de mim,
fala dele,
fala sobre o infinito.
A mensagem fala de saudade,
fala do céu,
do inferno,
da rara calma do abraço,
da solidão deste lapso de instante.
Esta mensagem irá a seu destinatário
este destinatário sou eu.
Este eu que não sabe ser.
Este ser que não sabe ser eu.

Ela está digitando uma mensagem,
poderia escrever uma carta,
uma crônica,
uma canção,
um poema.
Ela escolheu empobrecer seus sentimentos.
Ela escolheu não dizer nada,
quando suas palavras poderiam dizer tudo,
quando seus mistérios poderiam ser de fato interessantes.

Ela está digitando uma mensagem
e não sabe se quem vai receber a quererá.
Ela está digitando uma mensagem
e a vida perde-se no lapso do envio.
Sua alma é refém de créditos,
do sinal da operadora,
do bom funcionamento do celular alheio,
da capacidade cognitiva de seu leitor.

Ela está digitando uma mensagem
e isto não significa nada!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Acordar do sonho

Acordar do sonho,
Nem  sempre é uma boa idéia
As vezes somente isso da sentido para viver
Acordar
O sonho somente pode durar uma noite!
O amanhecer é o conflito com a realidade!

Eram 19:00 horas e eu ainda estava dormindo, dormia da soneca que tirava depois de meu almoço, não era um hábito meu, mas naquele dia estranhamente decidi deixar os hábitos de lado e resolvi dormir. Sonhava, sim eu sonhava, sonhava coisas tão estranhas que não as revelo por nada, não que sejam segredos, mas pelo estranho prazer que aquele estranho sonho me causava. Meu irmão entra no quarto por um motivo qualquer e lá se vai o sono. Não que fosse ruim o fato de acordar, mas por que nem sempre o melhor que se faz é acordar. As vezes a vida vivida no sono é mais prazerosa e ao acordar finda o prazer, nem sempre acordar faz bem, principalmente quando se tem uma vida tão entediante e previsível. Não havia solução, teria que me levantar e viver a vida.
De um salto me levantei não que este salto tenha sido um salto tem quem tem disposição e o faz com força e vigor, pois pesando 140 Kg  não é qualquer um que consegue sair da cama. Pensava nela, seu olhar me penetrava, me fazia sentir melhor e pior ao mesmo tempo e toda hora.
Existem pessoas que nasceram apaixonadas. Essas pessoas nem amam tanto a pessoa amada, mas amam a paixão. O ato de se apaixonar, as sensações que a paixão provoca o arrepio na espinha após o beijo e o toque, o sabor eterno dos lábios da amante, os versos bregas compostos, as declarações exageradas de amor, os elogios infindáveis a amada, o abraço que parece um pedaço do eterno, a dança dos corpos que sem música fazem valer todo o sentido da vida, os infinitos momentos da saudade e a alegria do reencontro. Tudo isso parece ser um universo particular para quem ama, não importa o amado importa é o amor. Existem pessoas que sabem apenas amar o amor e como amam esse amor. Amam como se tudo se reduzisse àquele momento. Esse amor é uma chama eterna enquanto dura e quando se apaga deixa o maior vazio da existência, esse vazio é tão grande, tão infinito que muitos adoecem e morrem de amor. Amar demais é um problema pior que não amar. Quando não se ama vive-se o vazio da vida e o indivíduo sabe que esse vazio é a falta de um amor. Mas quando se ama demais, o vazio da vida se enche, mas se enche de uma bolha, uma bolha que quanto mais cresce, mais bela fica. Porém bolhas explodem e quando explodem se transformam em nada. Nada e mais nada. O vazio é enorme, pois a beleza perde o belo, o colorido perde a cor, a música perde o som e a poesia perde os versos. A vida fica concatenada numa teia de dores que somente se encerram encontrando um novo amor. Amor esse que tem que ser maior que o anterior, tal qual o viciado que a cada vez que se aprofunda em seu vício, precisa de mais e mais e nunca se tem por satisfeito. Amar de mais é um problema, principalmente quando apenas o apaixonado ama e esse não é amado. Estranho isto!
         Por que será que justo eu tinha que padecer deste mal. Busco um CD, mas desisto, quando estou assim sempre ouço musicas românticas em inglês, não falo inglês, portanto o que eu sinto ao ouvir a canção é o que me basta para entender seu significado. Pensei num filme, mas escolheria de novo ver Closer - Perto Demais, então desisti, me sentei ante a TV e deixei aquilo me hipnotizar alguns minutos.
A TV me deixa num estado de tédio maior ainda, penso em sair de casa, arejar a cabeça, vou ao banheiro e me olho no espelho, vejo alguém com a barba por fazer, cabelo grande precisando ser aparado, uma horrível olheira e ninguém ao meu lado para dizer que me amava mesmo assim. Sinto saudades dela.
       A poucas semanas atrás não a conhecia e hoje não sei como vivi até agora sem ela e o pior é que não sei se conseguirei sem ela.
      Parece bobagem, caro leitor. Parece conversa de adolescente, e com minha idade deveria parar com isto. Mas a vida me provoca, meu coração me provoca e me prega peças as quais eu sempre caio. Então entro em devaneios, o coração acelera e somente se acalma quando me ponho a escrever poemas. Só que ultimamente está tudo muito estranho, não consigo fazer nenhum poema. Desde que a vi somente consegui ajudar a compor a letra de uma música para a banda de um amigo meu. E o pior estou a escrever este relato, por não conseguir mais conter em mim o que há em mim.
      Caro leitor, você deve querer saber quem é esta tal pessoa de quem tanto falo, mas te peço paciência, pois estou antes a desabafar minhas emoções, meu sentimento de culpa é tão grande, minha mente vagueia tanto que não sei o que dizer. Minha alma está a construí-la em minha mente. Estou muito emocionado. Isto nunca lhe aconteceu? Não? Sorte sua.
      Sorte sua, pois e azar meu, pois provavelmente você vai fechar o livro e comentar que ele é péssimo, possui um estilo muito estranho e que o autor não tem talento. Pior ainda se você for crítico literário, vai dizer em algum jornal, revista, site ou blog que este livro é péssimo e vai atrapalhar as vendas. Aí, para piorar a situação, o editor vai cobrar do meu agente ou de mim mesmo uma explicação e talvez nunca mais publiques nada meu. Mas que fazer?
     Certa vez, li, não me lembro aonde, que a vida dos escritores é em geral sem graça e para fugir de seus mundos infelizes resolvem escrever para assim se sentir feliz. Quero provar que isso não resolve. Quando se está mal de amor nada pode trazer a vida de volta. Não há poesia, poema, crônica ou conto que devolva a paz, a não ser que eu escreva romances eróticos ou seja o Dan Brown. Esses livros ocupam tanto a cabeça, que devem dar muito trabalho para o escritor e então não há como pensar na realidade.
     Meu livro está parado não consigo dar continuidade ao romance que meu agente pediu, mas que fazer? Sofro de amores! Sofrendo de amores não posso fazer um romance, posso apenas desabafar minhas dores e contar como foi, é e como gostaria que fosse minha história de amor.
     O telefone toca, não quero conversar com ninguém, queria que caísse na secretária eletrônica, (benditas máquinas), mas meu irmão atende, torço para que não seja para mim e era.
      - Seu agente! - Grita meu irmão.
      - Já vou! – Respondo seco.
     Como gostaria de ter terminado meu mestrado e me tornado professor universitário, não sabia que ser escritor poderia ser tão estranho, difícil e frustrante. Passei pela faculdade a procurar palavras, estilos, formas de melhor escrever e veja o que me tornei o autor do “Pior livro do ano”, segundo a Folha Nacional.     Segundo eles, “o livro é chato e sem estilo, ele se baseou no que há de pior na literatura”. E para piorar a situação, vendeu muito pouco, apesar da publicidade que a editora investiu. Enfim atendo o telefone.
     - Você precisa terminar seu novo livro logo Francis. A editora diminuiu o prazo para o próximo mês, pois segundo eles, depois desse fiasco que foi seu livro precisamos lançar algo bom logo, pois as perdas com seu último livro foram imensas, você precisa se recuperar se não a editora não vai publicar mais nada seu! – Disse ofegante e num tom ameaçador.
     - Gregório eu estou cansado dessa cobrança! Não se faz um bom livro como se faz uma carta ou um relatório de vendas. – Respondi de pronto para não parecer acuado, embora estivesse.
    - Francis, você teve muito tempo para escrever seu último livro e olha o que está escrito no Global! – Disse como se fosse uma metralhadora – “Francis Solto escreveu um livro obtuso e sem o menor sentido e com estilo pobre. Foi uma péssima estréia para quem a Editora W&U dizia ser a revelação da literatura brasileira”
    - Este livro pode até não ter ficado bom, mas não posso me guiar pelas palavras dos críticos. Quando publiquei meu primeiro livro o “Almas de Aço”, fui um fracasso nas vendas mas os críticos gostaram!
   - Gostaram porque você publicou por uma editora pequena e seu livro foi uma surpresa naquele momento, ninguém esperava nada de você. Fato agora é que você publica pela W&U e precisa terminar logo.
   Gregório desligou o telefone na minha cara e fiquei a olhar para aquele aparelho desanimado, que me restava fazer?
    Portanto caro leitor, como não consegui continuar o outro livro que eu estava fazendo vou escrever minha história. Torço para que este livro ao menos prenda a sua atenção até o fim. Caso não consiga te peço gentilmente não fale mal dele, pois outro fracasso a minha carreira vai ficar comprometida.
   Segue o romance propriamente dito.

Capítulo 1 
Fui parar em Ouro Preto, numa dessas coisas que a gente faz sem pensar. Vi uma reportagem sobre o barroco mineiro e larguei a correria de São Paulo para passar um fim de semana. Meu irmão é engenheiro e mudou-se para cá quando ele foi fazer faculdade de engenharia geológica. Logo que terminou a faculdade comprou um kitnet e passou a morar sozinho nesta cidade tão acolhedora.
Vim para passar um fim de semana, mas fui obrigado a ficar. Estava sem dinheiro e o aluguel estava vencendo, gastei minhas economias na publicidade de meus livros, como não tive retorno tive que pedir asilo ao meu irmão. 
Ele possui um bom emprego numa mineradora da região e me emprestou algum dinheiro, mas somente pude pagar o aluguel de desocupar meu antigo apartamento. O locatário se cansou de meus atrasos e me mandou tirar minha mudança para que ele pudesse alugar para alguém que “valesse a pena”. Não possuía muito, uma cama, uma mesa de escritório, um pequeno armário, onde ficavam minhas poucas roupas e um laptop meio velho, mas que por uma sorte imensa nunca me desamparou.
Sei que incomodo na casa de meu irmão, mas ele nada diz, sabe que se não puder contar com ele não poderei contar com mais ninguém. Perdemos nossos pais a 7 anos e não tenho muitos amigos, além do mais ele é um dos poucos que ainda acredita em meu talento como escritor.
- Os ares ouropretanos lhe farão bem! – dizia ele com um sorriso no rosto.
- Assim espero Felipe! Assim espero! – dizia eu sempre.
Porém mal sabia que encontraria aqui o meu desgosto com o amor.

Ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro

O trabalho de Jessé de Souza busca uma análise do atraso brasileiro, tanto em sua economia como em suas instituições partindo da visão weberiana de modernidade ocidental que tem como base o ascetismo protestante calvinista. Por fim, busca também o entendimento das razões do atraso brasileiro pelo entendimento de suas raízes históricas coloniais.
O pensamento weberiano é um bom ponto de partida para essa análise, pois soube como poucos, estabelecer bases solidas de uma teoria onde é possível compreender uma estrutura social em relação à fenomenologia econômica. Pois seria o fenômeno religioso um profundo influenciador das ações humanas, bem como seu processo de racionalização. O que, indubitavelmente, influenciaria no costume, no trabalho e na moralidade.
Para Weber, a sociedade ocidental houvera atingido um ponto de mais alto da racionalidade, tendo como base a ação racional, tendo o protestantismo ascético sua manifestação principal no âmbito da religiosidade. A sociedade ocidental dera um passo adiante, superando o animismo e criando um grau maior de abstração em relação às outras sociedades de seu tempo.
Essa nova concepção religiosa dera mais ênfase à ética que aos rituais, criando um tipo religioso de leis e moral mais próximas de uma lei prática e cotidiana. O que faria dos indivíduos mais racionais e mais comprometidos com a vida a vida terrena.
Este indivíduo se preocuparia mais com ações a médio e longo prazo e menos com o prazer imediato, mais preocupado com suas relações com as pessoas e menos com suas relações com divindade.
Em seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber identifica duas formas de protestantismo, o emocional e o outro racionalista e individualista. Este último teria predominado na Inglaterra e nos Países Baixos. Para ele nem a revolução francesa que causou tanto alvoroço, teria mudado tanto como a mudança de mente causada pela reforma protestante calvinista.

1- O protestante e a nossa ideologia do atraso

      No final do século XIX, o Brasil dava seus primeiros passos em direção a uma formulação de uma sociedade e o EUA caminhava para se tornar uma das maiores potencias do mundo.
     Qual seria a razão dessa disparidade?
     Segundo Sergio Buarque de Holanda, nossas raízes culturais são o oposto à cultura protestante. A mentalidade brasileira é avessa ao associativismo racional típico dos protestantes. A cultura brasileira teria herdado um individualismo amoral, herdado da colonização.
    “A falta de vínculo associativo horizontal, que possibilite as constelações de interesses de longo prazo, passa a ser percebida como a causa fundamental do nosso atraso social.” (Sergio Buarque de Holanda – As Raízes do Brasil).
     O filho da nossa colonização teria uma mentalidade, personalista, que busca prazeres imediatos e que não pensam na comunidade e em atitudes de longo prazo. Ao contrário do protestante colonizador ingleses, que busca o bem comunitário e pensa em longo prazo.
    Porém existem contradições na tradição protestante, segundo Moog a superioridade econômica protestante ascética não implica em superioridade em todos os aspectos da vida. Ele vê que existe uma incompatibilidade entre puritanismo e fraternidade, exemplo disto seria o racismo explícito da cultura yankee. Há um reducionismo moral, como a redução de todas as qualidades a uma lógica quantitativa.
   Portanto a idéia de atraso pode ser relativizada, pois as exigências de igualdade e bem-estar social transcendem o nível econômico. As necessidades de igualdade econômica têm sido somadas à necessidade de reconhecimento de diferenças, reconhecimento este que vai além de cotas e benefícios monetários como compensação das agruras vividas, mas sim um questionamento sobre o modelo de desenvolvimento escolhido por nossa sociedade.
   É fato que o país possui enormes contradições e muitas dessas contradições possuem conexão com a formação da sociedade e sua colonização. Mas, também é fato que desenvolvimento capitalista não pode ser o absoluto indicador do desenvolvimento de um país.

O ingresso

Antônio se apressava, precisava andar, correr, ser o mais rápido possível, estavam acabando os ingressos para o espetáculo que ele tanto esperava. Era a ultima apresentação daquela companhia em sua cidade. Foram dez apresentanções de Hamlet, era a última naquela cidade, Antonio teve várias chances mas ele nunca foi organizado, assim como todo brasileiro (quase todos) deixou tudo para a última hora.
Em sua casa brigou com o irmão pois precisava de tomar seu banho, brigou com sua mãe, por não ter agilizado o jantar, brigou com seu pai … , por alguma razão qualquer que nem Antônio se lembrava. Só sabia que se perdesse o espetáculo alguém seria responsabilizado.
Antônio nunca foi muito bom em assumir os próprios erros, isso parecia intranhado em sua personalidade. Certa feita, quando era ainda criança foi reprovado em Língua Portuguesa e ele teve o disparate de por a culpa na colonização portuguesa. Dizia ele “se fossem os ingleses as coisas seriam diferentes”, é claro que ninguém o levou a sério e as palmadas o esperavam em casa.
O horário da peça estava próximo, o ônibus de Antônio estava lotado, o aperto foi tanto que desceu em seu ponto totalmente amarrotado, parecia que sua camisa desconhecera o que era um ferro de passar.
Mesmo assim foi correndo em direção ao teatro, bufava, não era acostumado a exercícios físicos. O teatro crescia na direção de Antônio, sua alma era invadida por uma ansiedade antes inexplicada.
Na bilheteria, fitou aos olhos da moça que vendia os ingressos e sem nenhuma palavra, gesto ou som recebeu da moça da bilheteria uma belo sorriso.
- Moço, como o senhor é sortudo, é o último ingresso!
- Quanto é? Respondeu Antônio em uma grosseria e frieza digna dos mais insuportáveis homens, sendo capaz de silenciar o sorriso da moça da bilheteria.
- 30 reais. Respondeu a moça descepcionada com a grosseria de Antônio.
- Não eram 15? Retrucou Antônio
- Somente para quem possui carteirinha de estudante. Retrucou a moça louca para que Antônio desistisse de ver a peça.
- Isso é um roubo! E Antônio paga o ingresso indignado por ter deixado sua carteirinha em casa, mas como é de seu feitio reclamar de tudo e todos foi ao final da fila e esperou.
Esperar, eis um ato que o ser humano não constuma ser muito eficaz. Antônio era pós-graduado em reclamar de filas de espera. Também pudera, para tudo ele enfreta filas, para pegar o ônibus e o metrô, para almoçar no PF próximo ao trabalho, na fila da fotocopiadora para copiar os papéis em seu trabalho, para pagar as contas do escritório de contabilidade em que trabalha. Sua vida é uma fila.
Antônio, aproveitava suas filas para ouvir música, era apaixonado com bandas de rock alternativo e progressivo. Ouvir Led Zepelin é para ele um hábito quase que religioso. Só que naquela fila estava sem nada para ouvir senão a buzina dos carrros e o murmúrio de pessoas iguais a ele que são tão impacientes quanto ele ou então piores. Essas pessoas constumam ser profundamente irritantes, certamente a grande maioria só estava ali por causa do galã de TV que faria o Hamlet.
A fila não andava, Antônio estava desesperado, se indignava, cerrava os pulsos, suava frio, roía as unhas, lia repetidas vezes o que estava escrito no ingresso, no cartaz e nas placas próximas. Seu pensamento divagava em direção ao nada até que seu pensamento é interrompido.
Um homem distinto se achega, trajava um terno preto simples com uma camisa branca e um sorriso largo no rosto, sua alegria era tão contagiante que ele seria capaz de fazer rir os mais desgraçados  na vida.
- Boa tarde! - Comprimenta Antônio e calmamente se achega atrás dele na fila
- Boa tarde! - Antônio responde com sua aspereza peculiar
- Que bom que chegamos a tempo – diz o homem ignorando a aspereza de Antônio – queria muito assistir essa peça, comprei os ingressos antecipados, mas me atrasei no caminho … , que bom que cheguei a tempo ainda!
- Que fila que não anda – Reclama Antônio.
- Filho, quanta impaciência, a vida é como uma fila! Basta ter o ingresso certo e chegar no horário o restante é consequência!
- Por favor meu senhor, nem lhe conheço e o senhor já vem filosofar para cima de mim!?

Antônio houvera sido extremamente rude, afinal o que aquele jovem senhor tinha a ver com seus problemas, porém duro como é, não se desculpou com o senhor.

Ainda sem título

Perguntaram-me hoje com eu estava.
Eu somente teria uma resposta: “Cheia de amores não correspondidos!”.
Excessivamente romântico para um cronista como eu, que busca sempre escrever baseado em fatos correntes e coisas que de fato acontecem na vida das pessoas.
Mas parece que o vírus da paixão me pegou, ainda mais agora ouvindo uma canção do Bruce Springsteen, muito velho para alguém de 25 anos, mas essa música é tão atual, não sei ao certo   o que ela diz, mas é tão bonita que me parece aceitável que ela embale minha escrita.
Existem mulheres que tem o incrível poder de mexer com a gente sem fazer nada, para enfeitiçar um homem essas mulheres somente precisam existir e nada há que possa sarar o coitado que por elas se encanta.
É incrível como certas mulheres mexem com o nosso imaginário, são como vírus mentais que assolam nossa razão por completo.
Já estou me sentindo voltando ao normal. A música acabou e já voltei a considerar o amor uma má ideia. UFA!!!!
Parece que por essa noite estou a salvo, ou não.
Ela me faz pensar que tudo pode ser diferente, que posso jogar meus sonhos para o alto e que somente ela me basta. Somente o beijo que eu ainda não provei, o abraço que ainda não experimentei, o sexo do qual eu ainda não gozei.
Então o devaneio é capaz de me dominar por completo, é capaz de me fazer perder o controle sobre o meu raciocínio, sobre minha escrita. Parece que finalmente sou eu escrevendo.
Será que terei a coragem de publicar meus escritos?
Se tiver, caro leitor, saiba que é porque ela não me quis e aí não restará mais esperança.
Meu destino será pensar em como teria sido e imaginar uma vida junto à minha amada, quando na realidade estarei escrevendo devaneios românticos, crônicas chatas de serem lidas, textos que a ninguém interessa.
Mas cabe a mim entender e me resignar ao meu destino ou então copiar o Werther de Goethe.

Ensaio sobre a solidão

Sento-me perante o computador para escrever, atividade mais solitária não há. Cada letra, sílaba, frase, parágrafo me desnuda mais. Termino o texto na plenitude da minha nudez.
Por mais que eu tente por uma música alegre ao fundo, por mais que eu me conecte em todas as redes sociais possíveis, leia mensagens em meu email, mantenha o celular próximo, acabo sendo obrigado a um encontro complexo, o solitário encontro consigo. Esse encontro acontece nos momentos mais insólitos e digo a você, nada nesse universo deixa alguém mais sozinho do que quando ele precisa, urgentemente, de um encontro pessoal consigo.
Escrever, repito, é um ato solitário, aonde o escritor se desnuda em verso, prosa ou personagem. O autor não tem escolha, por mais que tente fazer uma leitura do mundo a sua volta  essa leitura será impregnada de si e nada tem o mesmo sentido para todos.
No fim das contas, estou me sentindo com medo do que hei de encontrar. Me explorar diariamente, tem me feito descobrir que não sei quem sou.
Para não ser pedante, que informar ao leitor sobre uma atividade que é tão solitária quanto a de escrever.
Lhe afirmo, categoricamente, ler pode ser tão solitário quanto escrever. Quando lemos não entramos em contato com o autor. Mas entramos em contato conosco através do autor, não interpretamos nada senão aquilo que queremos interpretar. Ler será, na melhor das hipóteses, fazer companhia ao escritor.
Essa companhia nem sempre será bem aceita, mas cabe ao leitor entender, afinal ser solitário  é ser avarento com o mundo. Ser avarento do próprio tempo, espaço, dimensão e universo interior.
Pois essa, sem dúvida é a pior e mais complexa das avarezas. Ser avarento de si, é não entregar ao mundo o que há em si e tão pouco a busca por si através do outro.
No fim das contas o solitário, tanto leitor quanto escritor, precisam de acordar de seu devaneio, encarar o mundo e ver que todo mundo precisa de um pouquinho dele, tal qual ele precisa de todo o mundo.
Do contrário, qual o sentido da leitura ou da escrita? Qual o sentido em se conhecer e ter esse doloroso processo de renascimento? Qual o sentido em ser sozinho em mundo tão populoso?
Encerro aqui, pois preciso conversar com alguém.

Pensamentos de Nietzsche

Esperança? A esperança é derradeira,  quando a caixa de Pandora
foi aberta e os males nela encerrados por Zeus escaparam até o mundo do
homem, ainda permaneceu, sem que ninguém soubesse, um último mal: a
esperança. Desde então, o homem tem equivocadamente encarado a caixa e seu
conteúdo de esperança como uma arca de boa sorte. Mas esquecemos o desejo
de Zeus de que o homem continue se permitindo ser atormentado. A esperança é
o pior dos males, porquanto prolonga o tormento.

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.

Ouse conquistar a si mesmo

Aquele que leva a vida a caçar monstros deve cuidar de si para não tornar a si mesmo um monstro. E quando se olha tempo demais para o abismo, o abismo lhe retorna o olhar

   
     E se algum demônio dissesse para você que esta vida, conforme a vive agora e a viveu
no passado, terá que ser vivida novamente e inumeráveis outras vezes; ela não
terá nada de novo, mas cada dor e cada alegria e tudo de inefavelmente pequeno
ou grande em sua vida retornará para você, tudo na mesma sucessão e
seqüência:
         Imagine a eterna ampulheta da existência virada de cabeça para baixo
novamente e novamente e novamente. A cada vez, também virados de cabeça
para baixo estaremos você e eu, meras partículas que somos.
        Imagine que cada ato escolhido será escolhido para sempre, então toda a vida não vivida permaneceria dentro de você!

       Conheço minha sina, um dia meu nome será a lembrança de algo terrível, de uma crise da mais profunda colisão de consciências, de uma decisão conjurada contra tudo que até agora foi acreditado , santificado, requerido.
     
     Até agora se chamou a mentira de verdade.

     Não sou um homem.


    Sou uma bomba relógio.