Me sento
perante ao computador para escrever, atividade mais solitária não há. Cada
letra, sílaba, frase, parágrafo me desnuda mais. Termino o texto na plenitude
da minha nudez.
Por mais
que eu tente por uma música alegre ao fundo, por mais que eu me conecte em
todas as redes sociais possíveis, leia mensagens em meu email, mantenha o
celular próximo, acabo sendo obrigado a um encontro complexo, o solitário
encontro consigo. Esse encontro acontece nos momentos mais insólitos e digo a
você, nada nesse universo deixa alguém mais sozinho do que quando ele precisa,
urgentemente, de um encontro pessoal consigo.
Escrever,
repito, é um ato solitário, aonde o escritor se desnuda em verso, prosa ou
personagem. O autor não tem escolha, por mais que tente fazer uma leitura do
mundo a sua volta essa leitura será
impregnada de si e nada tem o mesmo sentido para todos.
No fim das
contas, estou me sentindo com medo do que hei de encontrar. Me explorar
diariamente, tem me feito descobrir que não sei quem sou.
Para não
ser pedante, que informar ao leitor sobre uma atividade que é tão solitária
quanto a de escrever.
Lhe afirmo,
categoricamente, ler pode ser tão solitário quanto escrever. Quando lemos não
entramos em contato com o autor. Mas entramos em contato conosco através do
autor, não interpretamos nada senão aquilo que queremos interpretar. Ler será,
na melhor das hipóteses, fazer companhia ao escritor.
Essa
companhia nem sempre será bem aceita, mas cabe ao leitor entender, afinal ser
solitário é ser avarento com o mundo.
Ser avarento do próprio tempo, espaço, dimensão e universo interior.
Pois essa,
sem dúvida é a pior e mais complexa das avarezas. Ser avarento de si, é não
entregar ao mundo o que há em si e tão pouco a busca por si através do outro.
No fim das
contas o solitário, tanto leitor quanto escritor, precisam de acordar de seu
devaneio, encarar o mundo e ver que todo mundo precisa de um pouquinho dele,
tal qual ele precisa de todo o mundo.
Do
contrário, qual o sentido da leitura ou da escrita? Qual o sentido em se
conhecer e ter esse doloroso processo de renascimento? Qual o sentido em ser
sozinho em mundo tão populoso?
Encerro
aqui, pois preciso conversar com alguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário