A afirmação de Boni que houve de sua parte apoio na
construção da imagem de Collor no debate de 89 apenas disse o que todos sabiam.
Fato é que tanto Lula quanto Collor se enfrentaram de forma altamente feroz e
até mesmo vergonhosa ao nosso país. Além do embate político era um momento para
se pensar qual tipo de país iríamos querer.
Por um lado, um jovem político nordestino com um discurso a
favor dos pobres e um forte apelo nacionalista, do outro um sindicalista que
com grande apoio de artistas e intelectuais aparece sendo a solução de todos os
problemas do país.
Passa o tempo e todos sabem quem é quem. Mas minha reflexão
se repousa na idéia da construção dos mitos Collor e Lula, um morto e o outro
mais vivo dos que nunca. Como se construíram esses mitos?
Ambos se colocaram como heróis do povo, ambos prometiam
resolver os problemas do país em poucos dias de mandato, ambos se portavam como
se tivessem todas as respostas para as perguntas às quais o brasileiro tinha.
Ambos eram pais dos pobres.
Porém, o alagoano Collor era belo, atlético e com uma
retórica irrepreensível. Enquanto o sindicalista lembrava os guerrilheiros
comunistas cubanos, lembrava a pobreza que tanto assolava ao país, visto que,
além de aparência, seu linguajar bretão fazia o povo temer que ele fosse um
louco que poderia fazer muita bobagem como presidente do Brasil.
Lula mudou, seu discurso caminhou para o centro, desagradou
muitos esquerdistas, mais ganhou a classe média e com seu grande carisma
conseguiu conduzir uma campanha vitoriosa anos depois.
Recebeu um país que
poderia dar certo, o mundo crescendo economicamente e várias oportunidades lhe
caíram ao colo. Saiu da presidência mais forte que qualquer um de seus
antecessores, elegeu sua sucessora, conseguiu respeito de vários líderes mundo
afora e é tido por muitos brasileiros como o melhor presidente da história.
Enquanto isto, algo estranho, acontece no Brasil. Collor, o
mito desconstruído, a ilusão perdida do povo aquele ao qual o povo brasileiro
não confiaria nunca mais e que foi o primeiro presidente da história do Brasil
a sofrer um impeachemant, se elege Senador pelas Alagoas, estado que além dele
possui lideranças antagônicas, como Renan Calheiros e Heloísa Helena.
Esse Senador torna-se forte dentro da câmara, assumindo a
comissão de infraestrutura, sendo importante aliado do Presidente petista para
aprovação das obras do PAC (programa de aceleração do crescimento).
Lula e Collor contam muito sobre o que é o Brasil.
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