Recentemente reencontrei Personagem andando pela cidade. Caso o ilustre leitor não se recorde Personagem é um indivíduo medíocre que conheci e, de tão medíocre, recusei-lhe um nome, pois um cretino fundamental rodriguiano não merece sequer ser nominado.
Voltando ao reencontro, Personagem continua o mesmo, incrível sua resiliência perante sua inutilidade pretérita, presente e, ao que tudo indica, futura. Eis outra característica dos medíocres, não desistem de sua mediocridade, não se imaginam sem ela, dão à própria idiotice status de qualidade e suas fontes de conhecimento acabam por redefinir sua curva de caráter altamente duvidoso.
Ainda não consegui contar como foi o encontro.
Personagem vinha em minha direção e, simpático homem que sou, fiz-lhe face afável e tentei esboçar um sorriso que, apesar de amarelado, é legítimo, pois meus sentimentos por Personagem são quase que fraternos. Pena que o homenageado de minha crônica não pensa desta maneira.
O mesmo só não mudou de calçada por inviabilidade logística, cerrou o semblante e evitou olhar em meus olhos. Pobre diabo é meu caro personagem, sua inépcia não lhe permite discernir a realidade nua e patente de meus probos sentimentos. Personagem quase passa por cima de mim sem dizer palavra, quase me deixa a olhar as sombras de suas idiotices imortais, A enorme fraternidade que lhe devotava transforma-se em pena.
Mas aviso ao distinto leitor, sentir pena não um sentimento saudável, logo senti pena de mim pelo meu próprio sentimento de pena, tornando tudo um círculo interminável que, tal qual, uma sequência de Fibonacci, sempre recua para ir adiante.
Concluo meu devaneio com a teoria que olhos patéticos não conseguem olhar em olhos que não lhe aplaudem, pois o idiota só espera da vida duas coisas, ouvintes e aplausos. Enquanto o sábio em sua sabedoria, só quer uma coisa, paz de espírito diante de um mundo cheio de Personagens.
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