O livro "Quem me roubou de mim" do Padre Fábio de Mello é um daqueles livros onde não se sai sem refletir muito, não há como fazer uma leitura honesta deste livro e terminá-lo da mesma maneira que começou. Explico-me melhor, a referida obra trata de um dos maiores problemas de nosso tempo, o sequestro de nossa subjetividade, sequestro este, que podem se dar em todos os âmbitos e por todos os motivos possíveis e imagináveis. A experiência religiosa verdadeira torna o indivíduo mais humano e menos massificado e dependente de terceiros.
O ato de ter a subjetividade perdida se assemelha com o sequestro do corpo, onde apenas o sequestrador tem poder sobre sua vítima e, apenas através do devido resgate é libertado e pode viver novamente a plenitude de sua vida social e corpórea.
Porém o sequestro sempre deixa sequelas, pois a solidão do cativeiro pode fazer o sequestrado esquecer o que é e de onde veio, pode fazer esquecer seu meio social atribuidor de sentido e enfim transforma-lo em um dependente daquela doentia relação criada entre sequestrador e sequestrado.
Metaforicamente falando, muitas vezes nos vemos presos a relações e a universos de sentido que roubam nossa vontade de ser quem somos, objetificando nossas relações e fazendo de nós objetos do prazer alheio e não do desejo de ser feliz. A simbiose dentre sequestrador e sequestrado pode acontecer em qualquer momento e em qualquer esfera de relacionamento. Perdemos nosso rosto e passamos então a fazer parte de uma massa amorfa e sem face.
Com uma fluida escrita e uma poética maneira de ver a vida o Padre Fábio nos faz ver o tamanho da importância do encontro consigo, pois o Reino dos Céus habita em nós. A verdadeira experiência religiosa nasce da reconstrução de nosso universo de sentido e dando a nós uma nova perspectiva temporal, trazendo o Sagrado para mais perto de nós.
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